Os torneios medievais

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Henrique I, conde de Alsácia e príncipe de Anhalt (c. 1170-1252), participa de um Buhurt: “...jogo de guerra praticado durante o intervalo das campanhas militares. Nele, grupos de cavaleiros lutam entre si, para manter a forma e também exercitar os reflexos. O quadro mostra a luta decisiva, travada às portas do castelo, e que levará à vitória neste simulacro de batalha”. InCOSTA, Ricardo da, 2003. Codex Manesse, imagem 8.

I. Medo

Ao venerável padre e senhor Suger, pela graça de Deus abade de São Dionísio,
do irmão Bernardo, conhecido como abade de Claraval; saúde e orações...

Assim começa a carta que São Bernardo (1090-1154) escreveu ao abade Suger, de Saint-Denis (c. 1085-1151), em 1149. Muito preocupado, o monge de Cister pediu a Suger que brandisse ogládio espiritual, “que é o verbo de Deus”, contra um “diabólico costume” que tentava novamente retornar ao reino da França. Isso porque alguns homens que regressaram da cruzada – especialmente Henrique, filho do conde de Champagne, e Roberto, irmão do rei da França – convocaram, para depois da Páscoa, “um desses malditos torneios”, para lançarem-se uns contra os outros em duelo mortal. Bernardo questionou a Suger a sinceridade dos propósitos dos cavaleiros que partiram para a cruzada, e exclamou na carta: “Com que espírito agressivo eles foram para a peregrinação hierosolimitana, e com qual vontade retornaram!”

Suplicante, o monge de Cister rogou e admoestou a Suger, “o maior príncipe do reino”, que usasse a persuasão, e, se preciso fosse, a oposição viril, para impedir que um mal tão espantoso terminasse com a paz do reino: “Assim o convém à vossa honra, à de vossa terra e à utilidade da Igreja de Deus” (Ao abade Suger, carta 376) (SAN BERNARDO. 1990: 1078-1079).

De fato, devido ao grande número de mortos e feridos, dezenove anos antes a Igreja inutilmente tentara proibir essas “detestáveis assembléias” chamadas torneios: em 1130 (concílios conjuntos de Reims e Clermont), em 1139 (Latrão II) e 1179 (Latrão III). Em Clermont, por exemplo, a Igreja privara de sepultura cristã aqueles que se ostentavam e pereciam nessas feiras (Atas do Concílio de Clermont, IX). [2]

Portanto, o século XII assistiu ao surgimento dos torneios, uma novidade no mundo cavaleiresco, profana e escandalosa aos olhos dos clérigos, pois impregnada de morte e de lucro. O que foram? Quais suas principais características? A proposta desse pequeno trabalho é responder essas perguntas, sempre tendo como base o que os próprios coetâneos disseram a respeito.

II. Raízes

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Psalterium aureum (séc. IX) – hostes carolíngias em marcha.

O prazer da violência foi uma constante na nobreza medieval. Já durante a conferência de paz de Estrasburgo (842), o historiador Nithardo (†c. 843, neto de Carlos Magno), desejoso de mostrar a concórdia e a fraternidade reinantes entre os descendentes carolíngios, comentou a existência de jogos entre os soldados:

Parece agradável e meritório oferecer alguns dados sobre a unanimidade na qual viviam os dois reis (...)
a santa e venerável concórdia existente entre os dois irmãos ultrapassa suas nobres qualidades (...)
o mesmo comportamento existia nos jogos entre os soldados saxões, gascões, austrasianos, bretões (...)
era um espetáculo digno de ser contemplado (...) ninguém nesta multidão de raças diversas ousava
fazer mal ou injuriar o outro.
(Anales del Imperio Carolingio, 1997: 58).

O texto de Nithardo ainda nos conta que os soldados, em igual número, foram escolhidos nos exércitos dos reis Carlos e Luís. Eles se lançaram uns contra os outros, brandindo suas lanças, como se quisessem lutar, e depois simularam uma fuga. Jean Flori afirma que se tratou de um espetáculo, uma encenação semelhante às danças dos guerreiros neozelandeses, e não um verdadeiro combate (FLORI, 2005: 98-99).

Por sua vez, na Crônica de Saint-Martin de Tours (1066) há outra importante informação: morreram muitos barões nos arredores de Angers. Esse texto nos diz de um deles, Geoffroy de Preuilly (um senhor da região do Loire), que foi “o inventor dos torneios” (Torneamenta invenit) (DUBY, 1993: 121).

Embora essa informação seja contestada por muitos historiadores, o fato é que a moda dos torneios estava em alta no início do século XII, na região entre o Loire e o Escaut, pois já em 1125 o escritor do conde de Flandres contava que

...pela honra do país e pelo exercício de sua cavalaria, combateu contra alguns condes
e príncipes da Normandia e de Flandres; à frente de duzentos cavaleiros, realizou torneios
que tanto lhe exaltaram a celebridade como aumentaram o poder e a glória de seu condado.
(citado em DUBY, 1993: 121)

III. Espaços e pessoas

A maior parte dos torneios ocorreu nas antigas “marcas” ao norte, junto às “velhas florestas fronteiriças”: Vermandois (Gournay e Resson), Champagne (Lagny e Joigny), Normandia (Eu). A biografia de Guilherme, o Marechal (c. 1145-1219), descreve dezesseis torneios, ocorridos em quinze campos, a maioria nessas regiões. (DUBY, 1987: 124-125)

O espaço era quase sempre um campo, com bosques e pastagens (mas também poderia ser em uma cidade, ou seus arredores). O torneio era uma atividade coletiva: durante vários dias, dois grandes grupos – formados por cavaleiros, escudeiros, arqueiros e infantes – disputavam um determinado espaço, com sítios, ataques (frontais ou não), emboscadas e simulações de fugas. (LADERO QUESADA, 2004: 129)

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Cavaleiros em torneio (também chamado de Melée. Museu de Tours, miniatura florentina, final do séc. XIV). Trata-se de uma representação tardia dos confrontos coletivos que foram os torneios medievais. Na cena, dentro dos muros de uma cidade, dois grandes grupos de cavaleiros, armados principalmente com lanças, combatem furiosamente, ao som de vários instrumentos de sopro – e com a presença de muitas damas (seja no palanque principal, à esquerda, seja nas janelas). Repare ainda que uma dama adentra o recinto urbano com seu séquito (à direita, no fundo), detalhe bastante semelhante a um afresco de Ambrogio Lorenzetti (c. 1290 - c. 1348) intitulado “A Vida no Campo. Os Efeitos do Bom Governo (c. 1337-1340)” (em Siena, no Palazzo Pubblico, Sala dei Nove). Ver COSTA (2003).

Quem eram os participantes desses confrontos coletivos? A maioria vinha da própria região, mas também da Inglaterra, Bretanha, Anjou, Poitou, Borgonha, Flandres, Hainaut e Baixa Lorena; ninguém do leste, nem do sul; nenhum rei.

Os reis estavam, segundo John de Salisbury (c. 1115-1180), situados na “fortaleza da comunidade política por disposição divina”, pois Deus os escolheu pelo mistério de Sua Providência (Policraticus V, 6). Por isso, não podiam macular seus corpos participando de um encontro profano e condenado pela Igreja.

Mas barões e condes - a alta baronia medieval (condes de Clermont, de Beaumont, de Bolonha, Blois, o conde de Hainaut) – estavam como que desobrigados desse vínculo. Assim, uma vez mais os milites, aos olhos da Igreja, descumpriam seus votos e obrigações sociais. Eram fanfarrões,

...gente que pensa que a glória militar é luzir um atrativo uniforme,
vestir e moldar sua figura com trajes e sedas, de maneira que pareça
uma segunda pele brilhante e colorida, e montar cômodas cavalgaduras,
em competir distintamente e com adornos como Apolo e em serem
mais notáveis em habilidades de diversão que em valor.
(Policraticus VI, 3)

Não era à toa que os clérigos censuravam os torneios. Para eles, os milites deveriam

...proteger a Igreja, impugnar a perfídia, venerar o sacerdócio, defender o pobre da injustiça,
pacificar as gentes, derramar o sangue pelos irmãos (como ensina o conteúdo do juramento) e,
se for necessário, dar a vida (...) fazendo isso, são santos os soldados e tanto mais fiéis
ao príncipe quanto mais cuidadosamente guardam fidelidade a Deus.
(Policraticus VI, 8)

No entanto, eles agora derramavam inutilmente seu sangue em solo profano. A Igreja pretendia tornar o cavaleiro um miliciano de Deus, para que protegesse os fracos. Por isso, sacralizou a cavalaria e tentou criar uma ética cristã. Iniciou esse processo o movimento da Pax Dei (Paz de Deus), no final do século X, com a proibição de atacar santuários, ofícios, estradas, e também todos aqueles considerados pobres, isto é, indefesos (os clérigos, camponeses, viúvas e órfãos), sob pena de excomunhão.

Além disso, no século seguinte, foi criada a Tregua Dei (Trégua de Deus), proibindo combates em certos dias da semana (de quinta a domingo) e em dias santos (CARDINI, 1989: 58-50;COSTA, 2001: 19-20). Daí a posição radicalmente contrária da Igreja aos torneios.

IV. O Torneio de Soissons (1175): arautos, heráldica e a violência cavaleiresca

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Soissons em 1747 (N. A. Poincellier), ainda com seu perímetro de contornos nitidamente medievais, com vastos campos cultivados circundando a cidade amuralhada, espaços onde provavelmente o torneio ocorreu o Torneio.

Segundo seu cronista, o monge Gislebert de Mons, Balduíno V foi um homem “muito sábio e príncipe poderosíssimo” (Crônica de Hainaut, 1171). Conde de Hainaut (1171-1195), de Flandres (1191-1195) e primeiro marquês de Namur, Balduíno foi ordenado cavaleiro “com grande honra e alegria” por seu pai, Balduíno IV, em 1168, durante a vigília pascal. A seguir, para mostrar a todos os seus que já era cavaleiro, Balduíno V foi ao torneio de Maestrich, “com muitos outros cavaleiros que floresciam em Hainaut naquele tempo”.

Além disso,

...Balduíno V foi a todos os torneios que se celebravam em sua época,
e neles tentou ganhar como aliados e companheiros de armas os cavaleiros
mais valorosos e de maior fama.
(Crônica de Hainaut, 1171)

O torneio era a ocasião mais propícia para um cavaleiro demonstrar coragem e honra. Era um momento no qual aqueles homens brutos e violentos desafogavam suas energias acumuladas, e se entregavam virilmente à luta.

Dentre os muitos torneios que Balduíno V participou e mostrou sua nobreza, a Crônica de Hainaut destaca um, o de Soissons. Naquele ano de 1175, os arautos anunciaram um torneio entre a cidade de Soissons e o castelo de Braine. Gislebert nos informa que tomaram parte, “cheios de arrogância e soberba”, cavaleiros da França e os homens de Champagne, “cavaleiros probos e preclaros”, todos unidos para combaterem contra Balduíno, já conhecido por sua coragem e técnica.

O arauto e os “reis de armas” publicavam oficialmente os torneios e anunciavam o nome dos combatentes, dando a conhecer seus gritos de guerra e suas qualidades (o termo arauto vem dehar, do antigo alemão haren, que significa “gritar” ou “chamar”; POLIANO, 1986: 5). Os arautos também eram especialistas em reconhecer os brasões das equipes, daí o desenvolvimento da heráldica nos torneios – esta palavra também é proveniente do termo arauto (em inglês herald), e este do termo latino heraldus (originário, por sua vez, da palavra germânica herold, “anunciador” ou “pregoeiro”).

O adjetivo probo é um dos mais utilizados na Crônica para se referir a um cavaleiro, o que denota a qualidade ideal estimada pelo cronista: o caráter íntegro, honesto, reto, justo daquele que porta a cavalaria. Probos e preclaros (ilustres), todos queriam vencer o conde de Hainaut em uma justa.

Balduíno chegou para o torneio com duzentos cavaleiros e mil e duzentos soldados a pé. Ele estava acompanhado por seus cunhados, Rodolfo de Coucy e Bouchard de Montmorency, além do conde de Clermont, Raul, “cavaleiro probíssimo”. Reunidos em Braine, os cavaleiros de Champagne e Flandres, “apesar de terem mais fama”, não se atreveram a sair para o torneio. Balduíno então “cavalgou em armas” até o monte e os vinhedos de Braine, onde ficou toda a tarde, à espera do grupo rival.

Contudo, ninguém apareceu para a justa. Balduíno então preferiu aguardar mais um pouco, pois havia dado sua palavra em um pacto “firmado para tornear”. Quando a maior parte dos cavaleiros de seu bando já havia regressado a Soissons – e os soldados estavam na metade do caminho – os homens de Champagne e da França saíram de Braine e traiçoeiramente atacaram o conde de Hainaut, que resistiu até que

...os homens a pé chegaram de volta e puderam pôr em fuga por vales
e vinhedos todos os seus adversários, vencendo-os totalmente.
Muitos deles, e também muitos soldados a pé, morreram na entrada
da vila de Braine, e muitos caíram na água e se afogaram, enquanto
outros foram feitos prisioneiros. E assim, o conde de Hainaut logrou
esta vitória durante a noite, muito auxiliado pela claridade da Lua.
Logo regressou gozoso e incólume.
(Crônica de Hainaut, 1171)

Conforme se percebe na descrição dessa fonte, os torneios eram um tipo de esporte coletivo. Alguns combatentes lutavam a cavalo, outros a pé, não sendo obrigatória a igualdade de forças. Como um jogo, vencia a melhor equipe. Ainda que um cavaleiro pudesse se destacar, o importante era a atuação do conjunto de cavaleiros de uma das alas. Se um cavaleiro fosse afoito demais, corria o risco de ser capturado pelo grupo adversário (FLORI, 2005: 100-103). Os combates eram simultâneos, com todas as equipes participando juntas e, depois, a cada dois grupos oponentes. Os romances de cavalaria, como veremos a seguir, deram destaque aos combates individuais.

V. Os torneios em O Cavaleiro da Charrete (c. 1164) de Chrètien de Troyes (c. 1135-1190)

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Entre duas damas, Winli, o jovem alamano que disputará o torneio, porta uma bela cota de malha de tom prateado por baixo de uma túnica brasonada cor turquesa. Ele recebe um anel dourado da dama casada (à esquerda, de vestido roxo, cor da dubiedade), que segura com sua mão direita o escudo do jovem senhor. A indicação da condição marital da dama de roxo está em seus cabelos, ocultos em um lenço vermelho preso por um cordão amarelo. Ela está acompanhada por uma mulher mais jovem (sua aia?) de vestido vermelho, cor símbolo da impetuosidade. Essa jovem dama é solteira (pois mostra sua vasta cabeleira loura, adornada com uma bela tiara dourada) e, delicadamente, traz o elmo do cavaleiro (com um chapéu brasonado, um lenço vermelho por trás, e encimado por uma estrela de oito pontas). A dama casada que presenteia Winli é quem o iniciará na arte do amor, segundo a tradição cortês-cavaleiresca. Por sua vez, ele, extasiado, coloca sua mão esquerda no peito, indicando que está muito comovido com o inesperado presente que a partir de agora o coloca como fiel vassalo da dama, mas que deve partir para disputar o torneio – e ser merecedor daquela maravilhosa dádiva. Enquanto isso, o escudeiro do cavaleiro, abaixo, representando em dimensões reduzidas (que denotam sua condição inferior), segura seu cavalo, que parece bastante apressado para ser cavalgado. Codex Manesse, imagem 76. Ver também PASTOREAU, 1996: 245-263.

Com muita propriedade, Jacques Le Goff mostra uma pista para se estudar os torneios: os textos literários, fontes privilegiadas para o estudo do imaginário medieval (LE GOFF, 1994: 13). E vai além: para ele, são os textos literários que fornecem os documentos de maior exatidão para a apreciação da realidade histórica (LE GOFF, 1994: 274). Hervé Martin concorda sobre a importância das fontes literárias, especialmente para a compreensão da “mentalidade cavaleiresca”, pois expressam os sistemas de valores e códigos ideológicos da nobreza francesa no século XIII. Para Martin, a literatura manifesta as aspirações e normas da sociedade medieval, e respondem aos historiadores tanto às questões relativas às faltas cometidas pelas pessoas quanto às mudanças sociais.

Como os romances de cavalaria ressaltavam a força da nobreza, escondiam assim o fortalecimento das monarquias capetíngia e plantageneta nos séculos XII e XIII, bem como a crescente importância dos mercadores e banqueiros no mesmo período (MARTIN, 1996: 299). Os romancespoemas e canções de gesta expressam a visão do mundo feudal e o código da cavalaria, e também – com o declínio das cruzadas no século XIII – a inquietude, as dúvidas e desilusões da nobreza.

Livro da Ordem de Cavalaria (c. 1275) de Ramon Llull (1232-1316) é um exemplo desta tendência, pois nele o autor propõe a recuperação das funções éticas da cavalaria, sua ligação ao cristianismo através do uso da razão e de um código de virtudes, personificando o ideal do cavaleiro cristão (COSTA, 2001: 231-252; ZIERER, 2006: 1-13).

Nas canções de gesta, relatos sobre os feitos guerreiros de certos personagens (como A Canção de Rolando, séc. XII), o cavaleiro deve ter atributos. Não apenas ser corajoso, mas sábio, e, principalmente, dotado de fortaleza, e orientado para feitos nobres. Além disso, o cavaleiro perfeito deveria ser coroado por sua pietas, símbolo de devotamento e caridade (MARTIN, 1994: 304). Na Canção de Rolando, por exemplo, ocorre o sacrifício do herói: antes de morrer ele entoa uma canção de amor à sua espada Durandal, e oferece sua luva a Deus, erguendo-a ao Céu, que se abre para que uma multidão de anjos desça e leve o herói ao Paraíso (CARDINI, 1989: 61).

Nos romances corteses compostos nas cortes senhoriais a partir do século XII, é a dama quem incita o cavaleiro a realizar ações para que ele ultrapasse seus limites. O fervor religioso a Deus é laicizado e redirecionado à dama. Ela estimula o jovem a um contínuo sobrepujar-se. Ele age somente para e por ela. O amor cortês torna-se sinônimo de riqueza interior e progresso moral, fonte de toda a inspiração poética (MARTIN, 1996: 329). O cavaleiro é uma “marionete” nas mãos da dama, e se presta à alegria erótica e perversa, muitas vezes em um adultério platônico(MARTIN, 1996: 330-331), ou mesmo real (COSTA, 2003). Esse é o caso de O Cavaleiro da Charrete (c. 1164), poema de 7.134 versos composto por Chrètien de Troyes (c. 1135-1190) a pedido de Maria de Champagne (1145-1198), em que o amor carnal e adúltero é realizado.

Nessa obra, fica claro o modelo do cavaleiro cortês, exemplificado no personagem Lancelot do Lago. Ele é leal, valente, cortês e generoso, pois a cavalaria, como instituição ligada à nobreza, desprezava a atividade produtiva e valorizava a largueza demonstrada em festas e torneios (ZIERER, 2004: 189). Inclusive, segundo esse ideal cavaleiresco cortês, era impossível que elementos de outra categoria social que não fossem da nobreza ingressassem na cavalaria, o que, como sabemos, não correspondia exatamente à realidade (IOGNA-PRAT, 2002).

cavaleiro cortês é um jovem totalmente dedicado à sua dama, capaz de fazer qualquer sacrifício por ela. Na narrativa de Chrètien, a história se inicia com o rapto da rainha Guinevere (esposa do rei Artur) por Meleagant, que a conduz ao reino de seu pai. Três cavaleiros da corte de Artur tentam resgatá-la: Kai (senescal de Artur e seu irmão adotivo), Gawaine (seu sobrinho), e Lancelot do Lago (o cavaleiro). Só este obtém sucesso na empreitada.

Inicialmente, Lancelot é convidado a viajar numa carroça (algo ultrajante para um cavaleiro), para saber o paradeiro da rainha. Ele consente em ser transportado dessa forma, e mostra assim que faz tudo o que está ao seu alcance por amor à sua dama. Depois de passar por diversas aventuras, o cavaleiro prova seu valor como guerreiro e vence seus oponentes.

Algumas passagens de O Cavaleiro da Charrete sintetizam essas qualidades cavaleirescas. Por traição de Meleagant, Lancelot é aprisionado. Mas antes disso, ele conseguiu libertar Guinevere e consumar sua paixão por ela. Na prisão, sua carcereira o informou que a rainha estaria presente em um torneio.

Ao saber disso, Lancelot jurou à carcereira que, se ela o deixasse partir, ele retornaria à prisão após o fim do torneio. Ela permite que fosse, mas depois de seu juramento, feito com as mãos em relíquias sagradas, como na cerimônia vassálica (o que mostra a influência da Igreja neste ritual, bem como a fidelidade). Lancelot então disse a ela:

– (...) Se quisésseis dar-me permissão a ir (ao torneio), seria bastante leal
para retornar aqui como vosso prisioneiro.

– Na verdade, assim eu faria se não receasse perder a minha vida por isso.
Tenho grande pavor de Meleagant, meu senhor. (...)

Segundo o desejo da dama, Lancelot jura pela Santa Igreja que retornará sem falta.
Ela então lhe empresta as armas do próprio marido, seu escudo de vermeil e o cavalo belo
e aguerrido à maravilha. Ele monta e parte de pronto, portando armadura nova e reluzente. 
(CHRÉTIEN DE TROYES, 1991: 186-187).

Lancelot lutou no torneio sem revelar sua identidade. Contudo, para testar seu amor e fidelidade, Guinevere lhe enviou uma mensagem: ele deveria perder os combates! Resignado e submetendo-se à sua dama, o cavaleiro fez o que ela ordenou. Contudo, mais tarde a rainha lhe enviou um recado contrário: agora ele deveria lutar o melhor que pudesse. Mais uma vez, ele obedeceu:

“Lancelot recoloca o cavalo na liça e investe contra um dos cavaleiros mais renomados. Com tanta força o golpeia que o envia a mais de cem passos do seu corcel. Usa tão bem da lança e da espada que todos o olham maravilhados. Regalam-se de ver como esse cavaleiro derruba todos juntos, homens e cavalos. Bem poucos do que ataca conseguem permanecer na sela. Dá a quem quiser os cavalos que ganha assim. Todos os que tinham zombado dele confessam: ‘– Cometemos grande erro em o desprezar e difamar. Ele venceu e sobrepujou todos os cavaleiros do mundo! A ele ninguém pode se comparar.’” (CHRÈTIEN DE TROYES, 1991: 194) (os grifos são nossos).

Assim, Lancelot, modelo de cavaleiro cortês, venceu o torneio e voltou para a prisão, cumprindo fielmente seu juramento.

Chrètien de Troyes não terminou O Cavaleiro da Charrete. Outro copista, Geoffroy de Lagny, concluiu o poema. Nele, o personagem Meleagant construiu uma torre e lá encerrou Lancelot. Mais tarde, o cavaleiro cortês foi libertado pela Donzela da Mula. A narrativa termina com um combate final entre Lancelot e Meleagant, quando este é derrotado e morto pelo herói na corte do rei Artur (ZIERER, 2004: 190)..

VI. “Aos potentes e cavaleiros” (Sermão 52): a virulenta crítica aos torneios feita por Jacques de Vitry (c. 1170-1240)

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Nessa cena de torneio, o conde Albert II von Hohenberg e Heigerloch (c. 1235-1298), no centro, combate furiosamente, assistido por três damas no cume de uma torre murada. A julgar por suas posturas corporais, elas parecem bastante preocupadas. Claro, pois há muito sangue no combate – repare na espada do conde, bem como nos rostos dos cavaleiros, ensangüentados. O condepertencia a uma das ramificações dos condes de Zollern, cujo castelo, em Spaichingen (Würtemberg), tem o nome de Hohenberg graças a ele. Albert era partidário de seu cunhado, o rei Rudolf I von Habsburg e, após a morte deste (1291), ele se viu envolvido no meio da briga entre Adolfo de Nassau e Albretch I de Habsburg, mas ficou do lado de seu sobrinho. Em 1298, ele caiu em combate contra Oto III da Baixa-Bavária, em frente ao seu castelo de Leinstetten. Assim, é também possível que a cena (no lugar de representar um torneio) seja a desse combate de 1298. Por fim, repare no imenso elmo do conde: ele é bastante semelhante aos elmos dos xóguns japoneses dos séculos XV-XVI. Ver CODEX MANESSE. Die Miniaturen der Großen Heidelberger. Liederhandschrift Insel. Herausgegeben und erläutert von INGO F. WALTHER unter Mitarbeit von GISELA SIEBERT. Frankfurt am Main, Insel Verlag, 1988: 36-37 (imagem 18).

Historiador e bispo de Acre (1216-28) – depois cardeal de Tusculum – Jacques de Vitry (c. 1170-1240) foi um pregador de grande reputação no ocidente medieval na primeira metade do século XIII. Seus sermões são documentos muito importantes para se analisar os costumes, a vida cotidiana e as prescrições da Igreja - nem sempre seguidas pelos fiéis.

Vitry tem três sermões dirigidos aos cavaleiros e potentes (termo que designava os superiores da hierarquia social, em oposição aos pobres). Em um deles, o bispo se vale de uma passagem doEvangelho de Lucas (3, 14) para tratar dos torneios – e criticá-los asperamente.

Naquela passagem bíblica, João Batista prepara o ministério do Cristo, e é interrogado por multidões aflitas para serem batizadas. Um dos grupos, os soldados, perguntou a ele:

“E nós, que precisamos fazer?”
Disse-lhes: “A ninguém molesteis com extorsões;
não denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo”.
(Lc 3, 14)

Nessa passagem – que, de resto, não se encontra nos outros evangelhos sinóticos – há uma clara conclamação à caridade e à resignação: para receberem Cristo, os milites não deveriam desejar mais do que tinham, não poderiam causar sofrimento aos outros, muito menos cometer perjúrio.

Jacques de Vitry aproveita a passagem de Lucas para contar uma estória que se recorda ter ocorrido consigo. Um dia, ele conversava com um “devoto cavaleiro”, mas que gostava de freqüentar os torneios, além de convidar outros cavaleiros através de arautos e histriões (esses últimos, os farsantes e palhaços do mundo!).

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Nessa iluminura da obra Os Milagres de Notre Dame (Gautier de Coinsi, Paris, c. 1320-1340, fol. 123r.), o cavaleiro piedosamente assiste a missa e, logo a seguir, participa virilmente de um torneio e derrama sangue (observe sua espada, com as gotas de sangue destacadas pelo iluminista) - exatamente como na estória narrada por Jacques de Vitry!

O cavaleiro pensava que “essa espécie de jogo ou exercício” não fosse pecado. Então o bispo tentou convencer o cavaleiro a não participar mais desses eventos, pois ali os sete pecados capitaistinham espaço para o mal e, por isso, a Igreja recusava sepultura cristã aos que morriam nele. (COSTA, 2005)

Vitry enumerou-os:

1) Soberba – Os ímpios e vaidosos andam nesse circuito;

2) Inveja – Cada cavaleiro inveja o outro que é considerado mais forte e, por isso, é mais elogiado;

3) Ódio e ira – Cada um fere o outro, o maltrata e, muitas vezes, o mata;

4) Acídia – São tão obcecados pela vaidade que pensam que os bens espirituais de nada valem;

5) Avareza – Quando prendem o adversário, tomam suas armas e pedem resgate, além de extorquir os camponeses com exações (para organizarem os torneios);

6) Gula – Fazem festas e comem as superfluidades, sacrificando seus bens e dos pobres;

7) Luxúria – Agradam as mulheres impudicas, portando suas insígnias.

Há melhor documento para abordar a vida real medieval que os sermões dos moralistas? Se o historiador der um passo a mais em sua interpretação textual e destacar cada adjetivação do escritor, perscrutando o significado lato de cada palavra, encontrará uma descrição muito dura, mas certamente bastante fidedigna e próxima do que realmente se passava naquelas festas profanas – além da natureza e o caráter de seus participantes. Ademais, perceberá que, na Idade Média, o discurso clerical era muitas vezes ouvido por ouvidos moucos, e que a cristianização da sociedade foi, em muitos aspectos, superficial, de verniz, incorporada somente nas aparências, muito pouco nas consciências.

Portanto, a cavalaria secular e profana que se exibia nos torneios, segundo Jacques de Vitry, era composta de homens incrédulos, hereges, impiedosos, presunçosos, jactanciosos, falastrões, assassinos, invejosos, ladrões e adúlteros! Esses glutões insaciáveis são a melhor prova que “a derrota (moral) da humanidade chega quando o poder se corrompe” – e aqui o bispo de Acre cita Horácio (Epístolas, I, 2, 14), poeta romano (65–8 a.C.), e mostra sua paixão pela poesia clássica, aliada aos ensinamentos éticos cristãos. Citando Mateus, Vitry maldiz os cavaleiros que fazem o sangue jorrar, já que eles serão “afogados nas profundezas do mar” (Mt 18, 6).

Após sentenciar os milites mortos nos torneios à verdade do julgamento final, Jacques de Vitry nos informa que seu ouvinte, o piedoso, porém ativo, cavaleiro participante dos torneios – certamente assustado e temeroso com o futuro de sua alma – “ouviu as palavras e reconheceu abertamente a verdade”, e passou a odiar aqueles detestáveis encontros profanos. O bispo então conclui:

Muitos pecam por ignorância e, se ouvissem e buscassem cuidadosamente a verdade,
nunca mais pecariam, tal como aqueles soldados que interrogavam cuidadosamente
João Batista: ‘E nós, que devemos fazer?’. E ele respondeu-lhes que não deviam usar
de violência em ninguém, nem caluniar ninguém com acusações falsas ou fraudulentas,
e que deviam contentar-se com os seus salários que, segundo o testemunho de Agostinho,
foram instituídos para os soldados a fim de evitar que, procurando com que viver,
se apossassem por meios violentos de bens alheios.
(JACQUES DE VITRY, Sermão 52, em LE GOFF, 1994: 278)

VII. Conclusão

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Os perigos do amor: com longas trompas, os tenebrosos diabos incitam os homens ao pecado. Nessa belíssima e rica iluminura (fol. 205) do Breviário do Amor (Le Bréviari d'amor), texto escrito entre 1288 e 1292 por Matfré Ermengaud de Béziers (†1322), os tolos cavaleiros (aymadors, amantes, no texto) sucumbem aos vícios e se exibem, vaidosos, por amor, às suas damas (per amor de lur donas, como está escrito na linha abaixo da imagem). Elas entregam os louros da vitória (coroas de flores), do alto da torre de um castelo (à esquerda). Exibidos, eles portam suas ricas cotas de malha e seus escudos brasonados em imponentes cavalos, e lutam furiosamente em um torneio (com lanças, espadas ou maças). Os torneios foram, definitivamente, uma propícia (e fútil) ocasião social para os jovens das camadas sociais superiores demonstrarem sua submissão às damas.

Os torneios representaram um traço de união, um distintivo da nobreza, e auxiliaram sua coesão como grupo que buscava afirmar seus privilégios e diferenças em relação a outros grupos sociais, como os burgueses e camponeses.

As representações desta atividade foram abundantes em tratados, na literatura e iconografia medieval. Todo esse material, além de enaltecer as qualidades cavaleirescas, também estimulou o desenvolvimento da lírica cortês e o enaltecimento feminino, já que a mais bela e a mais nobre presenteava o melhor guerreiro com um símbolo, como um lenço, uma coroa ou outro objeto (conforme se vê na imagem 5, em que a dama, insinuante, presenteia o jovem vencedor com seu belo anel).

A partir do século XIII, o armamento cavaleiresco ficou cada vez mais pesado. Começaram a ser feitas restrições aos armamentos usados em batalha: às armas à outrance, preferia-se o uso de armas à plaisance, onde a ponta aguçada da lança era substituída por uma coroa. Além disso, a substituição gradual do torneio pela justa, com apenas dois combatentes se enfrentando, reduziu os graves acidentes (e mortes) que ocorriam anteriormente (CARDINI, 1989: 72). No final da Idade Média, foi colocada uma barra de madeira entre os contendores, para dar-lhes maior proteção.

Quanto à posição da Igreja, na medida em que os torneios foram importantes no desenvolvimento das relações sociais no interior da aristocracia, quando estes perderam a periculosidade e passaram cada vez mais a serem jogos e espetáculos, o papa João XXII (1316-1334) retirou sua proibição (em 1316). Com as justas, cada oponente deveria quebrar a lança de seu oponente, marcando pontos pelo número de lanças quebradas.

Seja como for, a constância do discurso hostil da Igreja em relação aos torneios contribuiu enormemente para o gradativo desenvolvimento do processo civilizador e a domesticação da belicosidade dos bellatores (COSTA, 2001), além de, mesmo que indiretamente, favorecer a melhora da condição feminina e o refinamento da sociedade ocidental.

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Agradecemos a inestimável ajuda da Profa. Simone Druffner com as páginas do Codex Manesse e a generosa e sugestiva leitura crítica do texto por parte do Prof. Carlile Lanzieri Júnior.

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Palavras-chave: Cavalaria, Torneios.