Olhando para as estrelas, a fronteira imaginária final
Astronomia e Astrologia na Idade Média e a visão medieval do Cosmo
Imagem 1
Esquema cosmográfico medieval: A Terra, personificada por um astrônomo com um astrolábio, está situada no centro do universo, cercada de círculos concêntricos onde estão figurados os quatro elementos, os sete planetas (a Lua era considerada um planeta), os signos do zodíaco e as estações e fases da Lua. Em cada canto do quadrado maior estão personificadas as quatro estações do ano. Atlas catalão, século XIV. In: BNF, ESP 30.
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.”
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Soneto XIII da Via Láctea
Olavo Bilac, Poesias, 1985: 52.
Esta passagem magistral de um dos maiores poetas brasileiros ilustra magnificamente a ânsia humana de entender o universo. É uma pista literária que não deve fugir dos olhos do historiador, pois uma das formas mais notáveis de se compreender os homens de um determinado período histórico é descobrir como eles entendiam o tempo e o espaço e de que forma se sentiam inseridos neles. Ao historicizarmos a concepção humana desses dois vetores e os conceitos de ciência enatureza podemos circunscrever o homem em seu tempo e o “aprisionamos” dentro do conhecimento de sua época; no entanto, é fato que o espírito humano possui e dá asas à imaginação. Isso acontece porque possuímos a eterna angústia de buscar as respostas para aquelas perguntas clássicas: “De onde vim? Para onde vou?”
Assim, as formas com as quais os homens se projetam para além das explicações científicas de sua época dão o tom de sua sensibilidade, de sua capacidade de imaginação, e, por que não, de seus sentimentos mais profundos e perenes (PERNOUD, s/d: 159-164).
Certamente o homem medieval possuía todas essas capacidades sensitivas. Talvez mais, pois tinha em si um sentimento profundo de pertencer ao universo, de fazer parte de algo transcendente, de integrar e estar unido a todo o espaço imaginado, visível e invisível. A teia de reciprocidades tão característica da sociedade dita feudal ultrapassava e muito o mundo material, mundo das aparências. Ao contrário dos homens de hoje e do homem do tempo de Bilac – que considera tresloucado aquele que ouve e entende as estrelas porque ama – o homem medieval tinha esse amor em si quando contemplava o cosmo, quando dirigia seus olhos para as estrelas. Pois ele não era mesmo um microcosmo do universo? Para a visionária Hildegard de Bingen (c.1098-1179) sim: antecipando Leonardo da Vinci em quatro séculos, para a monja, o homem ocupava – legitimamente – o centro do mundo, no centro de uma série de círculos maravilhosos:
No centro do peito da figura que eu havia contemplado no seio dos espaços aéreos do Sul, eis que surgiu um roda de maravilhosa aparência. Continha os signos que a reaproximavam dessa visão em forma de ovo, que eu tive há dezoito anos e que descrevi na terceira visão do meu livro Scivias (...)
na parte superior aparecia um círculo de fogo claro que dominava outro, de fogo negro (...) em seguida vinha um círculo que era como que de ar carregado de umidade (...) sob este círculo de ar úmido aparecia um de ar branco, denso (...) esses dois círculos estavam igualmente ligados entre si (...)
Enfim, sob esse ar branco e firme apresentava-se uma segunda camada aérea, tênue, que parecia estender-se sobre todo o círculo, provocando nuvens, ora claras, ora baixas e sombrias. Esses seis círculos estavam ligados entre si, sem espaço intermediário (...) A figura do homem ocupava o centro dessa roda-gigante... (HILDEGARD DE BINGEN. O Livro das Obras Divinas. Citado em PERNOUD, 1996: 72-73)
Imagem 2
O homem-microcosmo de Hildegarda de Bingen (Biblioteca Statale di Lucca, MS 1942, folio 28v). A tríplice figura abraça o universo inteiro; um círculo de fogo claro, um outro de "fogo negro", um círculo de ar úmido, um outro de ar branco, uma segunda camada aérea - traçados com a precisão que caracteriza o texto de Hildegard. Uma figura humana erguida no centro recebe os sopros enviados dos quatro cantos, das cabeças de animais - leopardo, leão, lobo, urso, caranguejo, cervo, serpente, cordeiro - enquanto os planetas irradiam em direção às cabeças de animais e à figura do homem (PERNOUD, 1996). Repare que Hildegarda está sentada à esquerda, abaixo, contemplando o homem-microcosmo e redigindo sua visão.
São imagens fantásticas essas da visionária beneditina, imagens compartilhadas pela teoria geral do microcosmo vigente então (LOPEZ, 1965: 364). Juntamente com a concepção medieval do espaço, elas merecem um aprofundamento. Mas antes uma advertência: devemos necessariamente abandonar a prepotência de nosso racionalismo triunfante moderno (ou pós-moderno) e olhar para esses textos dos séculos XII-XIII com os olhos que devem ser olhados, isto é, com os olhos da delicadeza e da sensibilidade, com os olhos de Olavo Bilac. Só então poderemos perceber o quanto as mentes dos que tentavam entender o mundo das estrelas estava então impregnada de medo e temor mas também de poesia e lirismo, de amor contemplativo.
Olhar para o céu, ver estrelas, é um dos atos primordiais que diferem o homem da besta. Algum idiota da objetividade nelsonrodrigueano dirá: “Ora, aí está um tema secundário para se estudar.” Tolo insensível, néscio, decerto. Pois dirigir os olhos para o céu e tentar entender a cor e o brilho das estrelas foi, é e sempre será uma atividade do espírito humano. Arrisco afirmar que essa talvez seja uma das ocupações humanas mais poéticas. E a História, por sua vez, se ocupa do homem e de suas atividades, materiais e imaginárias (DUBY, s/d: 11). Ou não? Assim, advirto que não escrevo este artigo para os néscios: eles passam, passarão.
Para fruir intensamente essa sensação de integração cósmica, era necessário ao homem medieval percorrer a natureza e tentar encontrar nela o simbolismo da divindade ali impresso. O século XIII descobriu a maravilha de observar a natureza e perceber a beleza da criação. A curiosidade científica nasceu dessa capacidade de se espantar, de se maravilhar com o mundo e a vida nele contida. A estupefação do homem medieval não era menor quando ele dirigia seu olhar para as estrelas. Como ele entendia o universo? Responder a essa pergunta, pelo menos em parte é o objetivo desse texto.
I. A divisão do Universo
“O universo é totalmente entrelaçado”, pensavam eles. Quando algo não ia bem, era necessário perceber a manifestação de suas correspondências, de seus entrelaçamentos. O primeiro lugar que se devia então olhar era o céu. Foi o que fizeram Raul Glaber († 1044) e Ademar de Chabannes (n. 988), historiadores do ano mil. Eles interpretaram os signos do céu. Raul se impressionou com os cometas; eles indicavam o desejo de Deus e a vinda de adversidades:
Durante o reinado do Rei Roberto, apareceu no céu, do lado do ocidente, uma dessas estrelas a que se chama cometas; o fenômeno começou no mês de Setembro, numa tarde ao cair da noite, e durou cerca de três meses. Brilhando com um muito vivo clarão, encheu com a sua luz uma vasta porção do céu e desapareceu por altura do canto do galo.
Quanto a saber se era uma nova estrela que Deus enviava ou uma estrela de que simplesmente multiplicara o brilho como sinal miraculoso, isso só pertence Àquele que na sua sabedoria regula todas as coisas melhor do que poderia dizer. O que contudo é certo, é que, cada vez que os homens vêem produzir-se no mundo um prodígio desta espécie, pouco depois abate-se visivelmente sobre eles alguma coisa de espantoso e de terrível. (Raul Glaber, citado em DUBY, 1986: 105-106)
Os eclipses indicavam, por sua vez, presságios de flagelos e o aumento dos desvarios do homem (crimes, cupidez, avidez, pilhagens, incestos): os pecados da terra ressoavam nos céus! (DUBY, 1986: 107). Para Ademar de Chabannes, as estrelas inclusive combatiam entre si:
Por esses dias, no mês de Janeiro, pela hora sexta, deu-se um eclipse do sol de uma hora; a lua também sofreu então freqüentes perturbações, ficando ora cor de sangue ora azul sombrio, ora desaparecendo. Viu-se também, na parte austral do céu, no signo de Leão, duas estrelas que se combateram durante todo o Outono; a maior e mais luminosa vinha do Oriente, a menor do Ocidente.
A menor corria como que furiosa e aterrorizada até a maior, que de modo algum lhe permitia aproximar-se mas, batendo-lhe com a sua crina de raios, repelia-a para longe em direção ao Ocidente. (Ademar de Chabannes, citado em DUBY, 1986: 107-108)
Como se percebe nessas crônicas antigas, os homens de então viviam olhando para o céu à espera de algum anúncio, de alguma mensagem de Deus. O céu era o palco do grande drama da humanidade; projetava-se as angústias e as inseguranças nas estrelas, mas também as calmarias, as felicidades, e especialmente a necessidade da humildade para se chegar à paz interior. Pois muitos também olhavam para as estrelas em busca de uma solidão contemplativa. O céu exprimia os anseios humanos. Por que isso?
A cosmologia medieval foi influenciada diretamente pelos escritos de Aristóteles (384-322 a.C.) e sobretudo Ptolomeu (c.100-170) e seu Tetrabilos. Era considerada a parte mais elevada da Astronomia, que por sua vez era a sétima das Artes Liberais (FRIAÇA, 1999), portanto, a ciência mais nobre antes da Teologia, nobre porque pretendia estudar as coisas próximas de Deus. Devo ressaltar logo de início porém que os conceitos de Astrologia e Astronomia estavam intrincados e queriam dizer na maior parte das vezes a mesma coisa. Poucos eram os que percebiam a diferença. Contudo, os mais sábios, como Hugo de São Vítor (c.1096-1141) em sua obra Didascálicon (1127), estabeleciam claramente a distinção entre as duas:
A astronomia e a astrologia se diferenciam pelo fato de a astronomia ter derivado o seu nome da lei dos astros, a astrologia do discurso sobre os astros. De fato, nomía significa lei e logos discurso. E assim, a astronomia é a ciência que discute a lei dos astros e a revolução do céu, investigando as regiões, as órbitas, os movimentos, o raiar e pôr-se das estrelas e as razões do nome de cada uma.
A astrologia, por sua vez, considera os astros em seu influxo sobre o nascimento ou a morte ou qualquer outro evento, influxo que é em parte natural e em parte supersticioso. Tal influxo é natural sobre a complexão dos corpos, os quais variam de acordo com o ritmo dos corpos superiores, como é o caso da saúde, doença, tempestade, estiagem, fertilidade e esterilidade; mas esse influxo é supersticioso com relação às coisas contingentes ou que dependem do livre-arbítrio. (HUGO DE SÃO VÍTOR. Didascálicon. Da arte de ler, Livro II, cap. 10)
De qualquer modo, a cosmologia medieval distinguia duas regiões em todo o universo com características bastante distintas. A primeira era a esfera sublunar, que continha todas as substâncias sujeitas à corrupção devido à contrariedade natural existente entre os quatro elementos constitutivos dos corpos (fogo, ar, terra e água) e suas qualidades (quente, seco, frio e úmido).
A segunda, a esfera supralunar (ou celeste), era povoada pelos astros, pelos santos que estão na Glória Eterna, os anjos e Deus. Acreditava-se que o mundo supralunar emitia fluidos, influxos invisíveis que influenciavam as coisas do mundo sublunar, idéia de base neoplatônica que influenciou decisivamente a astrologia. Eram os segredos naturais. A origem dessa concepção encontra-se em Dionísio, o Areopagita (séc. V): “Todo bom dom e toda dádiva descende do Pai das luzes. Mais: a Luz procede do Pai, se difunde copiosamente sobre nós e com seu poder unificador nos atrai e leva ao alto” (DIONISO AREOPAGITA. La jerarquia celeste, I, 1).”
Ainda no Didascálicon, de Hugo de São Vítor, encontramos a distinção entre os dois mundos:
...os matemáticos dividiram o mundo em duas partes: uma que fica acima da órbita da lua, e outra que fica debaixo dela. E chamaram de “natureza” o mundo supralunar, porque lá todas as coisas subsistem em virtude de uma lei primordial, e chamaram o mundo sublunar de “obra da natureza”, isto é, obra da parte superior, porque todo o gênero dos viventes, que no mundo sublunar são fortificados pela infusão de um espírito vital, recebem das essências superiores o alimento infuso através de percursos invisíveis, para que não somente nasçam e cresçam, mas também se alimentem e evoluam.
E também apelidaram aquele mundo superior de “tempo”, por causa do curso e do movimento das estrelas que lá se encontram, e chamaram o mundo inferior de “temporal”, porque se move segundo os movimentos do mundo superior. Igualmente, nomearam o mundo supralunar de “elísio”, em virtude da perpétua tranqüilidade de luz e paz, e nomearam o mundo inferior de “inferno”, devido à inconstância e à confusão das coisas que mudam. (HUGO DE SÃO VÍTOR. Didascálicon. Da arte de ler, Livro I, cap. 7)
Assim, eis a divisão do universo, segundo Hugo de São Vítor:
Mundo sublunar | Mundo supralunar |
Obra da Natureza (tudo recebe a infusão do mundo supralunar) | A Natureza (Lei primordial que se irradia para o mundo sublunar) |
Temporal (os movimentos das coisas seguem os do mundo supralunar) | O Tempo (o curso e o movimento das estrelas) |
Inferno (Inconstância) | Elísio (Tranqüilidade de luz e paz) |
Imagem 3
A cosmologia de Gautier de Metz (séc. XIII).
Na concepção cosmológica medieval a Terra não era considerada um planeta e se encontrava na parte mais inferior e central da esfera sublunar, ou seja, no círculo mais baixo, no centro do Inferno – esse é o nome da Terra no Ymago Mundi de Gautier de Metz (figura 3). A Terra era o próprio Inferno porque era o triste mundo das inconstâncias, das coisas confusas e que se alternam incessantemente. Nesse círculo inferior do mundo sublunar os quatro elementos que compunham todos os corpos estavam em permanente estado de oposição e tinham uma tendência centrífuga de buscar sua perfeição, de ocupar seu lugar próprio: esse era o motivo pelo qual os corpos se decompunham, pensavam. Esse era o motivo da degeneração e da corrupção da vida.
II. As estrelas e o temperamento humano
Nesse mundo sublunar os quatro elementos – terra, ar, fogo e água – estavam em permanente correspondência, tanto com os astros quanto com os quatro humores (líquidos) em circulação no corpo humano: o sangue (qualidade de úmido), a fleuma (linfa, soro, muco nasal, saliva, muco intestinal, qualidade de seco), a bílis (amarela, quente) e a atrabílis (ou bílis negra, secreção do pâncreas, fria) (MICHEAU, 1985: 61).
Imagem 4
Os quatro elementos e os humores: o homem está entregue a eles, dominado. Barthélemy l'Anglais. O Livro das Propriedades das coisas, século XV. In: BNF, FR 135, folio 91.
A doutrina dos temperos defendia que todas as coisas vivas derivavam desses quatro elementos e das quatro qualidades (quente, frio, seco e úmido) convenientemente temperadas (ZARAGOZA GRAS, 1992: 86) – temperado no sentido de interpenetração total das partes que se mesclam, e não a simples justaposição delas (REALE e ANTISERI, 1990: 361-368). Essa medicina total, que via o homem integrado ao universo, baseava-se em Galeno de Pérgamo (c. 129-179 d.C.), médico e anatomista grego, que por sua vez remontava a Hipócrates (c.460-380 a.C.). Nessa doutrina, a teoria clássica dos humores, o bem-estar do corpo estava condicionado a esses quatro fluidos corporais (BLACKBURN, 1997: 165 e 329). Por exemplo, o homem era quente e seco — sua irascibilidade era decorrência da bílis amarela; a mulher era fria e úmida: daí se completarem, daí serem feitos um para o outro, daí a homossexualidade ser considerada tão anti-natural.
Todos os temperamentos humanos pertenciam a um ou outro dos quatro humores. Assim havia quatro temperamentos: 1) sangüíneo, 2) fleumático, 3) colérico (bilioso) e 4) melancólico (ou atrabiliário)
A teoria dos humores chegou à Idade Média e foi reforçada pela medicina árabe, que a endossava (especialmente Avicena e Averróis). Em várias combinações com os signos do Zodíaco, que governava partes específicas do corpo, os humores e as constelações determinavam os graus de calor e umidade do corpo e a proporção da masculinidade e feminilidade de cada pessoa (TUCHMANN, 1990: 99).
Na Árvore Celestial, sétimo capítulo de uma imensa enciclopédia intitulada Árvore da Ciência (1295-1296), o filósofo Ramon Llull (1232-1316) explica a razão da masculinidade e da feminilidade como conseqüência da forma e da matéria:
É dada masculinidade a um signo por razão da forma e feminilidade por razão da matéria, para que um signo tenha ação e outro paixão, e aquele que tem ação seja masculino e diurno e o que tem paixão seja feminino e noturno. (RAMON LLULL. A Árvore Celestial. In: ORL, vol. XIII, 1926)
Imagem 5
O homem zodiacal: cada parte do corpo humano é regida por um signo, cujo nome está assinalado. Atlas catalão (Maiorca), século XIV. In: BNF, ESP 30.
Por exemplo, a Lua controlava a fisiologia feminina e sua umidade; governava o cérebro, parte mais úmida do corpo, sendo responsável pela demência dos temperamentos lunáticos. Mulheres histéricas, mal da Lua. A melancolia era característica dos nascidos sob a lua cheia (DELUMEAU, 1989: 82). As pessoas nascidas sob Saturno (Capricórnio) eram frias e sombrias; sob Júpiter (Sagitário), sóbrias e joviais; sob Vênus (Touro e Libra), afetuosas e férteis.
A medicina medieval era, portanto, um Humorismo, pois atribuía a origem das doenças e o estado de espírito de uma pessoa às alterações dos humores do corpo (daí, hoje em dia, dizermos “fulano está de bom humor, sicrano de mau humor”), sempre em relação direta com a posição dos astros. Um manual de medicina árabe do século XV definiu bem a concepção médica medieval dos humores do corpo:
O primeiro humor é a bílis. Ela deriva do fogo, que é o produto do calor e da seca. A bílis reside no corpo do homem perto do fígado, na vesícula biliar.
O segundo humor é o sangue. Deriva do ar, que é devido à combinação do calor com a umidade. A sua sede, no homem, é o fígado.
O terceiro humor, a pituíta (ou linfa, ou fleuma), derivada da água, que foi criada pela combinação do frio e da umidade. Reside nos pulmões.
O quarto humor, a atrabílis (ou bílis negra), deriva da terra, que é um composto do frio com o seco. Ocupa o baço. Estes quatro humores constituem os materiais do corpo, determinam o seu bem estar ou mal-estar (...)
Atendendo a estas diversas relações, dividiria os temperamentos em cinco espécies distintas: o temperamento bilioso, o temperamento sangüíneo, o temperamento linfático, o temperamento melancólico e o temperamento misto, que participa igualmente em todos os temperamentos. (citado em MICHEAU, 1985: 61-62).
Naturalmente, essa teoria médica inseria-se num sistema global de explicação do mundo medieval – e nunca é demais destacar o fato dela ter prevalecido na medicina pelo menos até o século XVIII. Mesmo durante a Renascença a astrologia reinou soberana, especialmente quando se desejava tomar alguma decisão importante (DELUMEAU, 1989: 81). Portanto, não se tratava de uma exclusividade das “trevas medievais” e sim de uma concepção profunda de mundo que ainda hoje possui fortes raízes em diversas tradições populares.
III. A influência dos astros na vida do homem: predestinação ou livre-arbítrio?
A estreita relação entre a medicina e a astrologia fazia com que os mais ricos e poderosos fossem tratados, em caso de doença, por um médico e um astrólogo. Para aqueles homens, a idéia de que as estrelas podiam se deslocar sem afetar-nos pareceria tão inconsistente quanto a hipótese de Deus ter criado o universo apenas pelo ato de criar, sem um juízo e plano preestabelecido (LOPEZ, 1965: 376). O mundo era ordenado, tudo estava em seu lugar por um motivo específico de Deus.
No entanto, essa questão levantava outra: se tudo está escrito nas estrelas, se tudo está predestinado, como explicar o livre-arbítrio? Como podemos escapar das influências astrais? Para Dante (1265-1321), o céu desencadeava os movimentos humanos, mas nossa vontade é sempre livre. Já Ramon Llull tenta resolver esse impasse filosoficamente, através de um exempla:
Filho, disse o eremita, um homem esteve em grande tentação de predestinação porque pareceu-lhe ter um poder maior que a justiça de Deus. Aquele homem cogitou a respeito da disposição do mundo, e entendeu que o homem está ordenado para ter virtudes, vícios e fazer o bem e o mal, e sucessivamente Deus ordenou que o homem viva no mundo.
Mas se o livre-arbítrio não fosse nada e necessariamente o homem predestinado à salvação se salvasse e o predestinado à danação fosse danado, seguir-se-ia um inconveniente por tudo quanto existe no mundo ordenado, porque não caberia fazer bem ou mal, nem caberia existir sol ou lua, nem obra de natureza sensual ou intelectual, e todo o mundo estaria desordenado, a qual coisa é impossível, conforme está manifestado. (RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas, cap. 100 [Da predestinação e do livre-arbítrio]).
Para Ramon Llull, o homem vence o efeito das constelações com sua livre vontade. Por sua vez, o gênio de Tomás de Aquino (1225-1274) resolveu a questão da predestinação e os astros de forma bastante direta: não havia problema em utilizar a astrologia para prever tempestades, doenças ou colheitas. Todos se serviam dela. No entanto, a vontade humana não estava submetida à necessidade astral, caso contrário nosso mérito e livre arbítrio estariam arruinados. Portanto, é impossível adivinharmos o futuro baseando-nos nos astros:
É verdade que os astrólogos, estudando a disposição e o movimento dos astros, predizem com freqüência sucessos verdadeiros. Isso ocorre principalmente por duas causas. Antes de tudo, ao fato de que a maior parte dos homens se deixam levar pelas impressões do corpo. Daí que muitas vezes ordenem-se seu atos conforme as tendências ou inclinações que lhes imprimem os corpos celestes.
São poucos – somente os sábios – que procuram moderar tais inclinações, submetendo-as aos ditames da razão. Por isso, as predições dos astrólogos se verificam quando se trata de sucessos gerais que dependem da variedade. A segunda causa atesta a presença dos demônios “é preciso confessar”, escreve Santo Agostinho que, “quando os astrólogos descobrem a verdade conseguem isto sob a influência de um instinto muito secreto que sem darmos conta penetra profundamente no espírito. Se trata de um pernicioso engano, obra certamente dos espíritos sedutores e impuros, a que lhes permite Deus o conhecimento de certas verdades de ordem temporal”.
E conclui: “Por conseguinte, o bom cristão há de se guardar muito bem desses matemáticos e de toda a classe de gente que pratica impiamente a adivinhação, fugindo sobretudo dos que dizem a verdade. Que a alma, enganada por esse comércio, não caia nas redes que a levem definitivamente até os demônios. (TOMÁS DE AQUINO.Suma Teológica. Madrid: BAC, 1955, Tratado da religião, q. 95, art. 5, Da adivinhação, p. 263-267)
Apesar da lógica de Tomás de Aquino refutar a influência dos astros nas decisões humanas, esse parecia ser o desejo de muitos. Era uma história que apaixonava os homens. A teoria dessa influência astral na vida humana remonta à Antigüidade. Já Aristóteles afirmara que
...este mundo está necessariamente em continuidade de uma maneira ou de outra com aquele que se move no alto, de modo que todos os seus impulsos são comandados do alto. Esse é com efeito o princípio de onde parte, para todos os seres, o movimento.” (Metereológicos, I, 2, 339a 22-24)
Contudo, o Estagirita não estendeu essa influência aos assuntos humanos, parecendo sim se referir às cheias dos rios, às marés, à configuração dos continentes e dos mares. Já Ptolomeu, em sua obra Opus Quadripartitum disse claramente:
Eis aqui uma proposição muito evidente e que não tem necessidade de uma longa demonstração: Uma força emanada da natureza etérea e eterna se transmite a todas as coisas que cercam a Terra e que são constantemente submetidas à mudança. Os primeiros elementos que estão sob a Lua, o fogo e o ar, são cercados e agitados pelos movimentos do éter; por sua vez, eles envolvem e arrastam em sua agitação todos os corpos que estão abaixo deles, a saber, a terra, a água e todos os animais e vegetais que aí se encontram.” (I, cap. 1).
Ptolomeu acrescenta ao tema aristotélico o conceito de emanação, mais tarde definida pelo neoplatônico Plotino (205-270) como “a eterna geração de seres inferiores por parte do ser perfeito”. De qualquer modo, estas poucas linhas tornaram-se o manifesto do astrologismo medieval (DE LIBERA, 2001: 246-247). Assim, por um lado (especialmente o acadêmico), considerava-se herético afirmar que a força dos astros era invencível, mas por outro lado (baseado especialmente nas tradições populares), seria considerado arrogante e presunçoso negar o papel das estrelas nos destinos do homem (LOPEZ, 1965: 376).
Por todos esses motivos, o astrólogo, considerado por muitos um homem de ciência, auxiliava o médico nos diagnósticos, sugerindo o melhor momento para a aplicação dos remédios, fazer as sangrias, interferir no fluidos corporais e no estado úmido, seco, quente ou frio do doente.
Imagem 6
A relação de influência dos signos nos quatro elementos do mundo sublunar (na esfera: vermelho = fogo, marrom = terra, azul= água e verde = ar). Esses quatro elementos constituem todas as coisas vivas da Terra. Por esse motivo, somos influenciados pelos astros. Barthélemy l'Anglais. O Livro das Propriedades das Coisas, século XV. In: BNF, FR 135.
Mais: do ponto de vista intelectual, a astrologia era uma das mais exigentes disciplinas (THOMAS, 1991: 237). De acordo com a evolução da doença, o astrólogo alterava suas prescrições, conforme a posição dos astros e as novas combinações com os humores corporais. Por sua vez, cada signo tinha uma correspondência com a estação do ano, e isso tinha que ser levado em conta no momento do cálculo astronômico solicitado pela medicina:
De acordo com a razão natural e a situação acima que convém responder à situação dos braços da Árvore Elemental, três signos deveriam ser da compleição do ar no verão, três do fogo no estio, três da terra no outono e três da água no inverno. Os três do verão são Áries, Touro e Gêmeos; os três do estio são Câncer, Leão e Virgem; do outono, Libra, Escorpião e Sagitário; do inverno, Capricórnio, Aquário e Peixes.” (RAMON LLULL. A Árvore Celestial. In: ORL, vol. XIII, 1926)
Por sua vez, cada signo concordava com uma sensualidade humana; por exemplo, Áries com a visão (através de sua umidade e calor); Leão com a audição(através de seu calor e secura). Além disso,
...Áries concorda mais com o corpo com a vontade pela umidade e calor que Peixes pelo frio e umidade ou Sagitário pelo frio e secura. Leão concorda mais com o cérebro da fronte com o entendimento pelo calor e secura que Peixes pelo frio e umidade. Escorpião concorda mais com as partes posteriores do cérebro com a memória pelo frio e secura que Gêmeos pela umidade e calor. O mesmo se segue com os braços, as canelas e os outros membros do homem. Assim pode-se conhecer em quais tempos do ano e em qual hora do dia e da noite os médicos devem dar medicinas e como elas dão sanidade a um membro juntamente com um signo e dão sanidade a outro membro com outro signo. (RAMON LLULL. A Árvore Celestial. In: ORL, vol. XIII, 1926).
Assim, o médico necessitava do astrólogo para definir o momento preciso para lidar com algum sentido doente. Naturalmente, esse sistema totalizante integrava o homem no universo, não permitindo a sensação de abandono, de solidão: todos faziam parte de algo maior. Na obra Da natureza, Isidoro de Sevilha (c.560-636) já afirmara que todo homem continha um pequeno mundo, todo homem transcendia para o além. Outra obra muito conhecida de então, o Elucidário, de Honório de Autun, um vulgarizador do século XII (LE GOFF, 1984: 308), ilustra belamente a relação direta entre o homem e o cosmo:
O homem possui da terra a carne, da água o sangue, do ar o sopro e do fogo o calor. Sua cabeça é redonda como a esfera celeste. Os olhos brilham como as duas luminárias do céu. Sete orifícios o decoram, harmoniosos como os sete céus. O peito, onde se situam o sopro e a tosse, assemelha-se ao ar onde se formam os ventos e as tempestades. O ventre recebe todos os líquidos, assim como o mar recebe todos os rios. Os pés carregam o peso do corpo, como a terra. O homem tem a visão do fogo celeste, a audição do ar superior, o olfato do ar inferior, da água o gosto, da terra o tato. Ele participa da dureza da pedra por seus ossos, da força das árvores por suas unhas, da beleza das plantas por seus cabelos.” (Honorius Augustodunensis, Elucidarium, I, 59. In: DUBY, 1990: 157)
Assim, a visão do homem como um microcosmo, a teoria dos quatro humores e dos quatro elementos se encaixava bem na concepção astronômica/astrológica medieval. Assim, na esfera sublunar, em nosso mundo, os corpos se separavam devido à tendência de seus elementos compostos de ocupar seu lugar próprio, de buscar sua perfeição: a água existente no homem buscava sua perfeição, inatingível pela própria matéria humana, o calor, idem, e assim por diante.
No centro da esfera sublunar estava a Terra, fria e seca. Entre a Terra e a Lua estavam situados a água, cujas qualidades eram o frio e a umidade; acima da água estava o ar (quente e úmido), e por fim a parte mais elevada antes da Lua, o fogo (quente e seco), também para alguns separados em esferas (ver figura 3).
Por sua vez, na esfera celeste, a matéria dos corpos era distinta; a forma dos corpos celestes preenchia totalmente a potencialidade de sua matéria, motivo pelo qual não lhes era permitida nenhuma possibilidade de mudança fora da rotação circular das esferas. Sem os meios tecnológicos que permitem hoje medições precisas e uma variedade de pontos de vista interplanetários, o modelo astronômico medieval se mantinha muito próximo das primeiras percepções quando tentamos perceber o céu a olho nu.
Como o universo era um conjunto de esferas concêntricas e cristalinas, isto é, transparentes, cada uma delas continha um planeta. Acima da Terra, na seguinte ordem de esferas: 1) Lua, 2) Mercúrio, 3) Vênus, 4) Sol, 5) Marte, 6) Júpiter e 7) Saturno.
Essa última esfera possuía uma intensa luminosidade - não podemos nos esquecer que devido à inexistência de luz elétrica, o céu medieval devia ser um espetáculo assombroso para as pessoas de então, desde o mais rude camponês ao mais poderoso dos reis. Um céu estrelado em noite de lua cheia com certeza devia causar uma sensação de grandiosidade do Universo quase assustadora, mas ao mesmo tempo fascinante.
Por exemplo, na cosmologia de Dante havia ainda o nono círculo (Primum Mobile ou Céu Cristalino), céu concêntrico e o mais veloz de todos, pois não continha nenhuma matéria, e comandava o movimento dos oito céus inferiores. Acima do nono círculo estava o Empíreo (imóvel), com a Rosa Mística (a glorificação dos beatos), e por fim os nove círculos angélicos (concêntricos), rodeando Deus. O número nove significa o amor incondicional, pois sua raiz quadrada é o três da Santíssima Trindade (DANTE ALIGHIERI. A Divina Comédia).
Considerava-se que essas esferas eram perfeitas e não possuíam rugas nem manchas. Por esse motivo, a descoberta de manchas no Sol por Galileu foi um escândalo. Os eixos de cada esfera estavam encaixados na esfera seguinte: os medievais pensavam assim pois estavam orientados pela maneira na qual os astros, vistos da Terra, reproduziam com seus movimentos as aparências da realidade.
Como as esferas não necessitavam obter nenhuma outra forma para buscar sua perfeição, pois sua matéria tinha toda a sua potencialidade completa e as rotações não tinham fim, os movimentos celestes obedeciam a uma forma natural. Portanto, sua causa tinha que ser atribuída a alguma substância separada da matéria: eram os anjos. Com sua inteligência e poder, os anjos podiam conceber e realizar tanto aquele movimento incessante quanto seu fim (ver figura 7). Esse fim era obtido ao se completar o número dos eleitos, já que ao mover os céus, os anjos provocavam as mudanças das estações e tudo o que a Terra necessitava para a vida dos homens.
Imagem 7
Diagrama cosmológico com o cálculo das distâncias na esfera sublunar (as linhas brancas horizontais que cortam a Terra) e dois anjos nas extremidades do mundo sublunar a girar as manivelas e assim impulsionarem o movimento da Lua. Matfré Ermengau de Béziers, Breviari d'Amour, Catalunha (séc. XIV). Yates Thompson 31, f. 45. British Library, Catalogue of illuminated manuscripts.
IV. Conclusão
A imagem que os medievais tinham do universo era cheia de simbolismos, de metáforas. O mundo que eles tentaram descobrir era um conjunto harmônico e completo de beleza. O amor estava unido ao temor: as estrelas e o Sol se moviam por causa do amor de Deus - e devemos temê-Lo e amá-Lo. Não importava tanto a descoberta de um sistema de leis e princípios, mas sim saber avaliar e julgar corretamente qual a lição deveria ser aprendida com aquela observação. A investigação deveria ser humilde e sincera, despojada. Deveria-se buscar a verdade acima de tudo: buscando-a, exercitaria-se a virtude. Então poderíamos nos aproximar um pouco de Nosso Criador: “Duas são as coisas que recuperam no homem a semelhança divina, e são elas: 1) a especulação da verdade e 2) o exercício da virtude. Pois o homem é semelhante a Deus quando é sábio e justo.” (HUGO DE SÃO VÍTOR. Didascálicon. Da arte de ler, Livro I, cap. 8).
O temor de olhar para o céu dos historiadores do ano mil e perceber os presságios funestos dos males vindouros, como vimos, foi gradativamente substituído peloamor à natureza dos homens dos séculos XII-XIII. Estes aceitavam a influência dos astros sem, no entanto, negar nossa capacidade de escolha, fruto do livre-arbítrio dado por Deus. O homem era influenciado pelas estrelas sim, mas sempre tinha a última palavra, sua consciência. Por esse motivo ele era o próprio microcosmo: esse homem-microcosmo, embora consciente de ser um grão no universo, não se sentia só, pois cada parte de seu corpo estava interligado à estrela mais distante. Esse universo integrado soava como música, estava ali ansiando para ser descoberto, mas com olhos amorosos.
Assim, essa astrologia da segunda idade feudal, cheia de nuances e perspectivas de interpretação simbólica, era sobretudo uma tentativa sincera de se aproximar do outro mundo, do mundo do além, do mundo supralunar. Era mais uma forma daquele típico pensamento escatológico que fazia os homens de outrora buscarem Deus com profunda compaixão. A partir de então, maravilhados com o assombro da natureza, livro-espelho da criação divina, os medievais buscaram ávida porém racionalmente as conexões íntimas e invisíveis entre os dois mundos, os mistérios do movimento dos corpos celestiais que traduziam as sensações de pertença, de integração e de realização espiritual.
O mundo e o universo eram entendidos como frutos de um momento sublime de amor. E, cheios desse amor contemplativo, os espaços dos medievais se expandiam, suas fronteiras eram redesenhadas em direção ao além conforme sua capacidade de amar. Bastava apenas olhar com olhos amorosos, com aqueles olhos de Olavo Bilac que, voltados para a Via Láctea, amava as estrelas para entendê-las. Pois quando amamos, ouvimos e entendemos as estrelas.
*
Este artigo é dedicado a José Rivair Macedo (UFRGS), Manuel M.ª Domenech Izquierdo (Universidade de Barcelona),
Maria de Nazareth Lobato (mestra pela UFRJ), e Jéssica Fortunata do Amaral (graduanda da Ufes), que muito me auxiliaram com suas sugestões advindas da leitura desse texto.
*
Fontes impressas
ARISTÓTELES. Ética a Nicômanos. São Paulo: Martin Claret, 2001.
DANTE ALIGHIERI. A Divina Comédia (trad. Ítalo Eugenio Mauro). São Paulo: Editora 34, 1998.
DIONISIO AREOPAGITA. Obras completas. Madrid: BAC, MCMXC.
HUGO DE SÃO VÍTOR. Didascálion. Da arte de ler. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.
OLAVO BILAC. Poesias. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1985.
RAMON LLULL. Félix ou O Livro das Maravilhas (1288-1289) (tradução de Ricardo da Costa e o Grupo de Pesquisas Medievais da UFES I)
RAMON LLULL. Arbre Celestial. In: ORL, vol. XII, 1926.
TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Madrid: BAC, 1955.
Bibliografia citada
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
DE LIBERA, Alain. Pensar na Idade Média. São Paulo: Editora 34, 2001.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DUBY, Georges. “O historiador hoje”. In: DUBY, Georges, ARIÈS, Philippe, LADURIE, E. L., LE GOFF, Jacques. História e Nova História. Lisboa: Teorema, s/d.
DUBY, Georges. O ano mil. Lisboa: Edições 70, 1986.
DUBY, Georges. São Bernardo e a Arte cisterciense. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
FRIAÇA, Amâncio. “A unidade do saber nos céus da Astronomia medieval”. In: MONGELLI, Lênia Márcia (coord.). Trivium & Quadrivium. As artes liberais na Idade Média. São Paulo: Editora Íbis, 1999, p. 289-329.
FRIAÇA, Amâncio. “A corte e as estrelas: a Astronomia durante o Renascimento Carolíngio”. In: Signum 2. Revista da ABREM - Associação Brasileira de Estudos Medievais. São Paulo, 2000, p. 149-166.
GARCÍA GUAL, Carlos. “Del Melancólico como Atrabiliario. Según las antiguas ideas griegas sobre la enfermedad de la melancolia”. In: FAVENTIA 6/1. Departament de Clàssiques. Facultat de Lletres, Publicacions de la Universitat Autònoma de Barcelona, 1984, p. 41-50.
GEOGRAFIA ILUSTRADA I. A descoberta do mundo. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1984, vol. II.
LOPEZ, Robert. O nascimento da Europa. Lisboa: Cosmos, 1965.
MICHEAU, Françoise. “A idade de ouro da medicina árabe”. In: LE GOFF (apres.). As doenças têm história. Lisboa: Terramar, 1985.
PERNOUD, Régine. Luz sobre a Idade Média. Lisboa: Publicações Europa-América, s/d.
PERNOUD, Régine. Hildegard de Bingen. A consciência inspirada do século XII. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia I. São Paulo: Edições Paulinas, 1990.
THOMAS, Keith. Religião e o declínio da magia. Crenças populares na Inglaterra. Séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
TUCHMANN, Barbara W. Um Espelho distante. O terrível século XIV. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
ZARAGOZA GRAS, Joana. “Els Humors i els Temperaments”. In: FAVENTIA 14/1. Departament de Clàssiques. Facultat de Lletres, Publicacions de la Universitat Autònoma de Barcelona, 1992, p. 85-90.