Os estudos medievais

Nas revistas do CEMOROC

Resumo: Por ocasião da celebração do 15º aniversário e da publicação do número 200 das revistas universitárias do Cemoroc, Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente (Edf-Feusp), alojadas em www.hottopos.com, este artigo apresenta um breve memorial dessa história editorial relativa aos estudos medievais e seus principais marcos.

Palavras Chave: Cemoroc – Revistas universitárias – Atividade editorial – Estudos medievais.

Abstract: On the occasion of the celebration of the 15th anniversary and the publishing of the volume #200 of the academic journals of Cemoroc, Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente (Edf-Feusp), at www.hottopos.com, this article presents the landmarks of this editorial history concerning Medieval studies.

Keywords: Cemoroc – University Journals – Editorial activity – Medieval studies.

Introdução

Desde o primeiro momento das revistas do Cemoroc, que ora celebram seu 15º. aniversário e volume 200, ou, como diria o bom Nelson Rodrigues (1912-1980), desde os quarenta segundos antes do nada (quando se referia ao Fluminense F. C.), os estudos medievais tiveram lugar destacado nessas publicações. Desde Marc Bloch (1886-1944), a Idade Média está na vanguarda das grandes publicações acadêmicas. Voltado para a inter e a transdisciplinaridade, o Centro não quis criar uma revista especificamente voltada para Idade Média, mas todas elas acolhem uma temática ampla e aberta. O que não impede que publiquemos números temáticos, também sobre medievo, como o número anual, que, nos últimos anos, Notandum têm dedicado à época, sob a competente direção de nossa editor, a destacada medievalista Dra. Terezinha de Oliveira (UEM). Para facilitar o acesso, adiantarei (neste, e outros casos) os links a que me refiro:

http://www.hottopos.com/notand18/index.htm

http://www.hottopos.com/notand21/index.htm

http://www.hottopos.com/notand24/index.htm

http://www.hottopos.com/notand27/index.htm

Destaco também o memorável número de Convenit 5, dedicado ao filósofo Boécio (c. 480-524), sob a égide de importantes 14 instituições universitárias da Europa e do Brasil, do qual tive a honra de participar, na companhia de especialistas, dentre eles Peter Hoffmann e Jordi Pardo Pastor, cujos artigos, desde então figuraram nos Top Ten do Google (neste ano de 2012, sucedido pelo ranking do Open Directory).

Nesse ranking (Google/OpenDirectory), no qual foram distinguidos 31 artigos das revistas do Cemoroc, nada menos do que 11 são sobre a Idade Média! Dentre os autores premiados, 3 de nossos editors: Pere Villalba, Jean Lauand e Enric Mallorquí-Ruscalleda. Este último tem sido responsável por diversos números temáticos da Revista Internacional d’Humanitats (RIH) e de Notandum. Tivemos a honra de recentemente recebê-lo aqui na UFES para uma prestigiada conferência.

Da imensa e inesgotável produção de Jean Lauand, destacaria as dezenas de traduções de autores medievais disponibilizada em nossas revistas (e cujos links se encontram em sua página docente. São de especial relevância para este escriba a tradução de um diálogo entre Alcuíno de York (c. 735-804) e o rei Pepino, seus artigos sobre os pecados capitais na filosofia de Tomás de Aquino (1225-1274) – sobre a Avareza e sobre a Inveja – e o citadíssimo (por mim) texto sobre o lúdico no pensamento do Aquinate. Os desavisados amantes do imaginário tenebroso da educação na Idade Média, devem ler Jean Lauand, e logo. Pois nosso mestre não só abriu portas: de fato, criou portas! Fez escola. Sou seu discípulo confesso, Jean!

De nosso editor Pere Villalba quero falar um pouco mais detidamente. Além de ter sido um dos meus três mestres (os outros, Fernando Domíngues Reboiras e Josep Serrano i Daura) Pere é simplesmente o fundador de nossa RIH em 1998 e, desde então, incansável impulsionador de nosso trabalho editorial. Sua erudição é notável. Quero citar apenas um de seus trabalhos que considero insuperável: Roma através dos historiadores clássicos, livro de cabeceira que leio, releio e desfruto regularmente.

Por esses – e muitos outros motivos que não cabem neste breve memorial, nós dedicamos três números de RIH (18, 19 e 20) em sua homenagem:

http://www.hottopos.com/rih18

http://www.hottopos.com/rih19

http://www.hottopos.com/rih20

Nessa ocasião, eu mesmo redigi um breve texto em que agradecia a honra que a Divina Providência me agraciou: sua amizade. Outros de seus estudos notáveis em nossas revistas – e muito utilizados em minhas aulas e cursos – foram: De Arte Addiscendi, Caràcter Femení dels Jocs Olímpics, Política y Ética – El Arte de Gobernar, texto maravilhoso que trabalha uma fonte medieval importantíssima, porém pouco analisada, Reminiscencias ciceronianas en Ramon Llull, De Civitate Mundi: cum Mundus sit in Perverso Statu e Ará – India Guaraní, que marca sua passagem por uma aldeia guarani em São Paulo e no qual se manifesta o grande pesquisador e o homem cívico.

Dentre as inúmeras parcerias editoriais, três se destacam em nossa área nos primórdios de nossa atividade editorial: as estabelecidas com o Departament de Ciències de l'Antiguitat i de l’Edat Mitjana (sobretudo na RIH, fundada, como dizia, por Pere Villalba) e que se mantém até hoje; com a Universidad Autónoma de Madrid – Dep. de Estudios Árabes e Islámicos y Estudios Orientales, e com o Gabinete de Filosofia Medieval da Univ. do Porto, sobretudo a partir de Mirandum 9, cujo co-editor foi o Prof. Dr. José Francisco Meirinhos, o que nos concedeu o privilégio da colaboração de tantos ilustres colegas do GFM em nossas revistas. Os links dos artigos desses primeiros anos estão recolhidos em nossa página dedicada a Idade Média.

Em que pese a terrível possibilidade de imodéstia, não posso deixar de recordar a felicidade de ter contribuído com alguns trabalhos para Cemoroc. O primeiro deles foi uma parceria com a Profa. Dra. Adriana Zierer, Boécio e Ramon Llull: a Roda da Fortuna, princípio e fim dos homens, na Convenit Internacional 5 (a já referida edição sobre Boécio). A seguir, um dos mais acessados textos de minha produção: A Educação Infantil na Idade Média.

Dois dos trabalhos mais prazerosos que tive a oportunidade de escrever encontram-se em Mirandum 17, deambulatório dos anjos: o claustro do mosteiro de Sant Cugat del Vallès (Barcelona) e a vida cotidiana e monástica expressa em seus capitéis (séculos XII-XIII) e na Edição Especial VIII Seminário Internacional CEMOrOc: Filosofia e Educação, ‘Então os cruzados começaram a profanar em nome do pendurado’. Maio sangrento: os pogroms perpetrados em 1096 pelo conde Emich II von Leiningen (†c. 1138) contra os judeus renanos, segundo as Crônicas Hebraicas e cristãs. Nessa mesma edição do Seminário Internacional CEMOrOc, creio ter seguido pari passu o método Lauand de investigação e exposição (se o mestre me permite): o trabalho História e Memória: a importância da preservação e da recordação do passado.

Um pequeno e agradável trabalho foi A conquista de Córdoba por Fernando III, o Santo” (Filosofia e Educação – Estudos 13). Cemoroc presenciou inclusive minha progressiva caminhada rumo à Filosofia – Ramon Llull (1232-1316) e a Beleza, boa forma natural da ordenação divina – além de minhas incursões na cultura clássica (influência de Pere Villalba, naturalmente): Sonho de Cipião de Marco Túlio Cícero. Além disso, ‘Há algo mais contra a razão que tentar transcender a razão só com as forças da razão?’: a disputa entre São Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo, um dos trabalhos mais difíceis que já escrevi (Anais do X Seminário Internacional).

Minha trajetória foi apresentada em Convenit Internacional n. 8, palco mais do que maravilhoso para um balanço de minha vida.

É com desmedida satisfação que, passados 15 anos, percebo que  o Cemoroc tem sido um  dínamo-criador de uma maravilhosa fábrica de conhecimento, espaço inteiramente democrático – porque  online – e inédito em nossa cultura. As futuras gerações de interessados no  mundo do saber têm à disposição um poço de conhecimento multi-disciplinar.  Vida longa e próspera ao Cemoroc, diria o personagem da conhecida série de ficção científica.

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Palavras-chave: Cemoroc, Medievalismo, Idade Média.