A Eternidade de Deus na filosofia de Ramon Llull (1232-1316)

 

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Resumo: Análise do conceito de Eternidade na filosofia de Ramon Llull, a partir das obras Félix ou o Livro das Maravilhas (1288-1289), Árvore da Ciência (1295-1296), O Livro do que o homem deve crer em Deus (1302), Arte breve (1308), Livro dos Correlativos (1310), Do nascimento do menino Jesus (1311) e Livro da Cidade do Mundo (1314).

Abstract: Analysis of the concept of Eternity in the Ramon Llull’s Philosophy from the works Fèlix o Llibre de meravelles (1288-1289), Arbor scientiae (1295-1296), Liber qui debet homo de Deo credere (1302), Ars breuis (1308), Liber correlatiuorum innatorum (1310), Liber natalis pueri paruuli Christi Jesu (1311) and Liber de ciuitate mundi (1314).

Palavras-chave: Filosofia Medieval – Metafísica – Ramon Llull – Eternidade.

Keywords: Medieval Philosophy – Metaphysic – Ramon Llull – Eternity.

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Biblia napolitana de luxo (Nápoles, c. 1360), folio 4r (Gênesis) - confeccionada durante o governo de Joana I de Nápoles (1326-1382). No folio, a criação do Céu e da Terra, das estrelas e dos animais, de Adão e Eva. Nos dois retângulos inferiores, o passeio do Deus com Adão e Eva no Paraíso e o Pecado Original. Nas marges à direita e à esquerda, a Anunciação, com o anjo e a Virgem Maria, e outros anjos, santos e drôleries, com Deus Pai no centro superior, em atitude de bênção. No primeiro retângulo superior, a Santíssima Trindade (na auréola dourada, da esquerda para a direita, o Pai, o Filho e o Espírito Santo [a pomba branca]), a partir da Eternidade (representada pelo fundo vermelho, azul e dourado), cria o Céu e a Terra com um bastão, difundindo neles o Espírito Santo (outra pomba, no círculo azul). A filosofia de ação1 de Ramon Llull pretendeu provar racionalmente a existência da Trindade no mundo a judeus e muçulmanos para convertê-los e, assim, difundir o Cristianismo e a Igreja Católica pelo mundo.

Eternidade é aquela propriedade e natureza pela qual a magnitude e o poder duram eternamente na unidade do número e, por isso, o poder pode ser infinitamente grande e extenso na eternidade.

Aeternitas este a proprietas in natura per quam durant magnitudo et potestas aeternaliter in unitate numeri, unde potestas potest in aeternitate infinite et extense esse magna. RAMON LLULL, Tabuleiro Geral (1293-1294).2

Nessa definição do final do século XIII muito semelhante a uma passagem platônica, como veremos, o filósofo catalão Ramon Llull relaciona a Eternidade divina com outras duas dignidades de Deus (a Grandeza e o Poder) e ainda se vale do conceito aristotélico de duração3 como sinônimo de eternidade.

I. A herança clássica e alto-medieval

Os filósofos gregos já conheciam o conceito de eternidade. No Timeu – obra estimadíssima pelos neoplatônicos do século XII, particularmente os da Escola de Chartres4 – Platão (c. 427-347 a.C.) já contrapusera os dois sentidos deste conceito:

1. duração indefinida no tempo e

2. intemporalidade como contemporaneidade, definindo-o como aquilo “que é”:

Então [o pai] pensou em compor uma imagem móbil da eternidade, e, ao mesmo tempo em que organizou o céu, fez da eternidade que perdura na unidade essa imagem eterna que se movimenta de acordo com o número e a que chamamos tempo (...)

Referindo-nos a ela [a eternidade], dizemos que foi, é e será, quando a expressão Ela é, é a única verdadeiramente certa, ao passo que, à justa, Foi e Será só se aplicam ao que se forma no tempo, por tratar-se de movimento... (os grifos são nossos), PLATÃO, Timeu, 37d e 38a.5

Como se vê, em Platão, não é fácil medir a eternidade por meio do tempo! Mais: embora não o cite expressamente, é razoável supor que Ramon Llull tenha se baseado no Timeu para a sua definição de eternidade, pois utiliza praticamente a mesma relação dos termos (eternidade unidade número) que Platão.

Por sua vez, Aristóteles (384-322 a.C.) aprofundou nesse quesito o pensamento platônico, pois afirmou que os entes eternos (“seres primordiais e eternos6) – eternamente em movimento circular7 – não estão no tempo, nem são abarcados ou medidos por ele, já que não sofrem a sua ação.8

A filosofia cristã teve em Santo Agostinho (354-430) o seu pilar fundamental. Em suas Confissões, há uma digressão sobre o tempo considerada clássica9: o tempo é uma certa distensão, e se divide em três: o presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras.10 Quanto à eternidade, incomparável, esplendorosa e perpetuamente imutável, nela nada passa, tudo é presente. Empresa grandiosa, ela determina o futuro e o passado, pois dimana d’Ele, que é sempre presente.11

Contudo, foi Boécio (480-525) quem legou à Idade Média a (belíssima) definição base para a Filosofia: eternidade é a posse completa e perfeita de uma vida ilimitada; ela nos esclarece sobre a natureza divina e sua sabedoria.

O ser eterno, portanto, como está sempre presente e tem plena posse de si mesmo, apreende e possui de uma só vez a totalidade da plenitude de uma vida sem limites, a qual nada falta do futuro, nem escapa do passado.12

Em outra obra (Da Santíssima Trindade), Boécio faz uma importante distinção entre eternidade e sempiternidade (ou perpetuidade13), pois, a respeito do tempo, em uma cosmologia de orientação cristã (como bem nos lembra Juvenal Savian Filho), há de se distinguir o criador de suas criaturas:

Com efeito, Deus é sempre, porque, nele, “sempre” é do tempo presente e há tanta distância entre o presente das nossas coisas, que é agora, e o das divinas, que o nosso “agora”, como que correndo, faz o tempo e a sempiternidade, enquanto o “agora” divino, permanecendo e [245] não se movendo, mas sendo constante, faz a eternidade; se acrescentares “sempre” ao nome “eternidade”, farás deste agora que corre sempre, infatigável, e que, por isso, é um curso perpétuo, a sempiternidade.14

A distinção boeciana marcou a Idade Média. De fato, a partir do século IV, a maior parte dos pensadores cristãos sustentou a idéia de que Deus existe fora do tempo e, de Sua região atemporal – a eternidade – atua e conhece simultaneamente cada momento do tempo.15

A própria Bíblia confirmava isso (ao contrário do que afirmou o Prof. Richard Swinburne [1934-]16): há várias passagens no Antigo Testamento que aludem à eternidade (“desde sempre e para sempre”17; “Pois mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, uma vigília dentro da noite”18), e, particularmente, duas em especial:

1. a Sabedoria foi estabelecida por Deus desde a eternidade19 – Sabedoria posteriormente aplicada à pessoa de Jesus Cristo, Sabedoria de Deus20, e

2. Deus está nas alturas, em lugar excelso, que habita a eternidade e cujo nome é santo.21

Após Boécio, a grande contribuição pré-escolástica ao tema da eternidade pertence a Santo Anselmo (c. 1033-1109), alegou John Marebon (1955-).22 Em seu Monológio (1076), Anselmo explicita ainda mais o conceito que Boécio: como é verdade que algo sempre existiu e existirá, a verdade não tem princípio, nem fim, e Deus, a natureza suprema (ou essência suprema) é a verdade (§18) que não existe no tempo, pois Sua idade é distribuída no passado, no presente e no futuro (§22).23

Ademais, “Ela [a essência suprema] encontra-se em todo lugar e tempo, porque não está ausente de nada; e não se encontra em nenhum lugar, porque não possui nem lugar nem tempo e não admite, em si mesma, distinção de lugar e de tempo”.24 Portanto,

...não exististe ontem, nem existes hoje, nem existirás amanhã, porque ontem, hoje e amanhã tu existes; mas não se deve dizer “ontem, hoje, amanhã” e, sim, simplesmente: existes; e fora de qualquer tempo.

Ontem, hoje e amanhã só existem no tempo e tu, ao contrário, embora nada haja sem ti, tu não estás, entretanto, em lugar e tempo nenhum; e tudo encontra-se em ti, pois nada pode abranger-te e, todavia, tu abranges todas as coisas.25

Essa foi a herança filosófica cristã que Ramon Llull, homem do século XIII, mas espiritualmente do XII, herdou.26 Mas como ele a moldou (e a recriou) à sua filosofia?

II. As dignidades e os correlativos na filosofia de Ramon Llull

Em Llull, Deus é representado pela figura 1 (letra A) de sua Arte breve (126. Ars breuis, Pisa, 1308)27¸e ele explica:

A razão pela qual fazemos esta Arte Breve é para que a Arte Magna seja mais facilmente conhecida, pois se se conhece esta, tanto a Arte supracitada como as outras artes podem ser conhecidas e aprendidas com facilidade. A finalidade dessa Arte é responder a todas as questões, sempre que se saiba o significado de cada termo (...)

Colocamos um alfabeto nessa Arte para com ele poder fazer figuras e mesclar princípios e regras para investigar a verdade, já que por meio de uma letra que possui muitos significados, o intelecto é mais geral para receber muitos significados e fazer ciência. Convém saber de memória este alfabeto, já que de outro modo o artista dessa Arte não poderá aplicá-la bem.

O Alfabeto

significa bondade, diferença, “se?”, Deus, justiça e avareza.

significa grandeza, concordância, “o que?”, anjo, prudência e gula.

significa eternidade ou duração, contrariedade, “de que?”, céu, fortaleza e luxúria.

significa poder, princípio, “por quê?”, homem, temperança e soberba.

significa sabedoria, meio, “quanto?”, imaginativa, fé e acídia.

significa vontade, fim, “qual?”, sensitiva, esperança e inveja.

significa virtude, maioridade, “quando?”, vegetativa, caridade e ira.

significa verdade, igualdade, “onde?”, elementativa, paciência e mentira.

significa glória, minoridade, “como e com que?”, instrumentativa, piedade e inconstância (os grifos são nossos).28

Para o catalão, Deus só pode ser compreendido pela razão humana (e aceito pelas outras religiões monoteístas) através de Suas dignidades – tradução da palavra grega axioma (ἀξίωμα).29

Na filosofia luliana, dignidade era cada um dos atributos de Deus, uma perfeição, um atributo, uma virtude, princípios generalíssimos e substanciais que cada criatura, em maior ou menor grau, participava em semelhança (a gradação da capacidade de participação em Deus era uma herança filosófico-ocidental da obra do Pseudo-Dionísio Areopagita [séc. V]).30

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Figura 1 da Arte breve (1308) de Ramon Llull.

Pelo conhecimento das dignidades, raciocinando, nossa inteligência se elevaria à de Deus.31 As dignidades eram um valor metafísico absoluto, exemplos segundo os quais a atividade divina ad intra criou o mundo.32

Mais: elas se refletiam em todos os aspectos da Criação. Todo o método indutivo, comparativo e demonstrativo da Arte consistia na redução das coisas particulares aos aspectos transcendentais da realidade (as dignidades) e, conseqüentemente, a comparação das coisas particulares entre si à luz delas.33

Na figura 1, todas as dignidades estão unidas por linhas, o que indica que são co-essenciais à essência divina e mutuamente convertíveis.34 Por exemplo, a Bondade de Deus é grande, eterna, poderosa, sábia, etc.; a Grandeza é boa, eterna, poderosa, etc.; a Eternidade é boa, sábia, poderosa, verdadeira, etc. Cada uma age na outra, pois não há ociosidade em Deus: a Bondade não cessa de fazer o bem, pela eternidade, com a verdade, o poder, a sabedoria, etc.; a Grandeza magnifica com o poder, com a sabedoria, através da eternidade, etc.; a Eternidade eterniza com o poder, a sabedoria, o bem, etc., e assim por diante.

Por isso, o Bem engendrado é o Filho, o engendrador o Pai, e o “engendrante” o Espírito Santo. E porque existe essa “produção ativa” em Deus? “Porque caso não existisse, todas as razões divinas seriam ociosas na extensão e na duração infinitas”35, e isso é impossível!

Em uma redação circular, Llull descreve literariamente essa ativa e eterna relação entre as dignidades divinas em seu Livro das Maravilhas (41. Fèlix o Llibre de meravelles, Paris, 1288-1289):

Amável filho, na natureza de Deus existem a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria, a Vontade, e muitas outras dignidades estão no ser de Deus, e cada uma delas é Deus e em nenhuma delas existe ociosidade. Por isso, a Bondade não cessa de fazer bem, isto é, produzir o bem em si mesma e de si mesma, e pela Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade, ela faz o bem e o engendra de Si mesma com a Eternidade, o Poder, a Sabedoria, a Vontade. Este bem engendrado é a pessoa do Filho, e o engendrador é a pessoa do Pai; e do Pai e do Filho nasce o Espírito Santo.

O mesmo faz a Bondade, a Imensidão, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade, e ao mesmo tempo o Pai, o Filho e o Espírito Santo são uma natureza divina, uma divindade, um Deus. E em Deus existe uma pessoa, o Pai, por toda a Bondade, a Grandeza, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade, pois aquele que engendra o Filho e faz nascer o Espírito Santo é a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade. O mesmo ocorre com o Filho e o Espírito Santo, que são cada um deles a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade. Por isso, nesta obra que Deus realiza dentro de Si mesmo, são suficientes uma paternidade, uma filiação e uma procissão. E como nessa obra existem a Infinitude e a Eternidade, não pode haver ociosidade, nem desigualdade, maioridade ou menoridade. Pois se houvesse Bondade em Deus sem a criação do bem, e Infinitude sem a criação do infinito, e o mesmo da Eternidade, do Poder, da Sabedoria e da Vontade, existiria em Deus ociosidade de Bondade, Infinitude, Eternidade, Poder, Sabedoria e Vontade, e tal ociosidade seria contra a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade de Deus.

Por isso, assim como é suficiente Deus ser em Unidade, basta à Unidade uma paternidade, uma filiação e uma espiração, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade. E como o Pai engendra o Filho com toda a Sua Bondade, Sua Infinitude, Sua Eternidade, Seu Poder, Sua Sabedoria e Sua Vontade, existem no Filho toda a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade do Pai. O mesmo ocorre com o Espírito Santo, que é toda a Bondade, a Infinitude, a Eternidade, o Poder, a Sabedoria e a Vontade do Pai e do Filho, procedendo, assim, infinita e eternamente todo o Espírito Santo de todo o Pai e de todo o Filho e por todo o Pai e por todo o Filho. É natural existir amor entre pai e filho, e naturalmente o homem ama a virtude que nasce de seu ato de lembrar, entender e amar. Ora, se o pai ama o filho que é engendrado de seu corpo e do corpo da fêmea[1], quanto mais amaria seu filho se o engendrasse somente de si mesmo, de todo si mesmo e igual a si mesmo! E se a alma ama seu lembrar, entender e amar que nascem de sua virtude, mais amaria, se seu lembrar, entender e amar fossem sua própria virtude e fossem ela própria!36

Essa forma circular de redação tinha o objetivo de fazer o leitor (ou o ouvinte “infiel” – judeu ou muçulmano) ascender espiritualmente em direção a Deus. Assim, Llull tentava explicar o inexplicável, isto é, o êxtase místico do contato com Deus.

Esta forma de redação é tipicamente medieval e se explica também pela idéia neoplatônica que o conhecimento da alma – e, portanto, o de Deus – se dava através de um movimento circular.37

Ademais, nessa circular (e monocórdia) meditação ascensional está embutida a sua teoria dos correlativos: o Pai (a “bonificação”) é o sujeito (propriedade ativa); o Filho (a “bonificatividade”) é o objeto (propriedade passiva); e o Espírito Santo (“o ato de bonificar”) é o verbo (propriedade conectiva).38

Veja o quadro abaixo:

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A teoria luliana dos correlativos (a ação ad intra de Deus).

Ademais, só podemos compreender esta estrutura correlativa, tanto de Deus quanto do mundo, porque, assim como a Criação, somos reflexo e espelho da Santíssima Trindade.

Ao filosofar dessa maneira, Ramon pretendia converter os “infiéis” e expandir o Cristianismo pelo mundo, sempre com a Igreja Católica à frente, pois, “...foi ordem de Deus que o Império de Roma fosse dado ao papa, para que, com o braço secular, ele fosse forte para se opor aos inimigos da fé.”39

III. A eternidade luliana

Já tive a oportunidade de me debruçar sobre o conceito de Eternidade de Deus na primeira grande obra do maiorquino, o Livro da Contemplação (2, escrita em Maiorca, c. 1274)40, e, por esse motivo, não me deterei novamente no tema nesse texto monumental, que já foi considerado a Divina comédia catalã.41

Na Árvore da Ciência (65. Arbor scientiae, Roma, 1295-1296), Llull afirma, um tanto aristotélica e agostinianamente, que é impossível que exista tempo na eternidade, já que Deus é a própria eternidade e é substância infinita e irremovível, pois nenhum infinito pode ser movido, embora, em contrapartida, Deus mova as criaturas no tempo.42

Há um excelente exemplo da forma filosófica da argumentação luliana a respeito da Eternidade, das dignidades e dos correlativos na obra O Livro do que o homem deve crer em Deus (99. Liber qui debet homo de Deo credere, Ayas, Cilícia, 1302). Nesse breve compêndio escrito pelo filósofo para os “cristãos que não conhecem a sua própria religião”, Ramon diz que:

Deve-se crer que Deus seja eterno, não temporal, pois, se fosse temporal, teria falta de eternidade e seria principiado, já que toda coisa temporal requer um novo princípio, e a eternidade não. Portanto, Deus é eterno e não temporal, para que não haja falta e não seja principiado por outro, já que ninguém pode começar a si mesmo e convém que todo princípio seja iniciado por outro.

É necessário crer que a eternidade de Deus seja plena, não vazia, e que sua plenitude seja feita de “eternante”, “eternado” e “eternar”, e haja uma mesma essência, substância e natureza com ela, sem as quais a eternidade não seria plena da obra eterna, seria incompleta, e, por isso, feia e ociosa, feiúra que seria um mal contra a bondade, e isso é impossível.43

Portanto, a Eternidade, que é Deus, é formada pelo eternante (o Pai), o eternado (o Filho) e o eternar (o Espírito Santo)! Isso porque, nessa filosofia correlativa, as dignidades têm seus próprios correlativos para que o Criador seja sempre ativo, nunca ocioso, e assim, nessa constante relação, Suas dignidades continuamente processem Sua ação no mundo.

A ação correlativa da Eternidade divina também está descrita no Livro dos Correlativos (159. Liber correlatiuorum innatorum, Paris, 1310), obra em que Llull pretende apresentar os “princípios primitivos, verdadeiros e necessários em todas as substâncias”:

A Duração é o ente pelo qual a Bondade, a Grandeza e os demais princípios duram. Contudo, ela não poderia ser tal razão para eles se não tivesse três correlativos distintos e reais, próprios e primitivamente inatos, verdadeiros e necessários: o “durativo”, o “durável” e o “durar”.

Assim, qualquer um deles permanece em sua singularidade, nome e razão própria, de tal modo que a essência da duração esteja “ativando”, “passivando” e “continuando” a mesma natureza pela qual os outros princípios são imutáveis e sua definição verificada nos demais princípios.

Caso contrário, os mesmos correlativos não seriam reais e distintos, e a mesma duração não teria a natureza que conserva os correlativos de outros princípios em sua singularidade e nome, assim como em seu número e razão própria.44

Por sua vez, em uma de suas últimas obras, O Livro da cidade do mundo (250. Liber de ciuitate mundi, Messina, 1314), Ramon alterna o modo de exposição de sua filosofia e a literaliza – já foi dito certa vez que esse procedimento é a transmutação da ciência em literatura45 – e cria assim um diálogo filosófico-alegórico entre Raimundo e dezesseis dignidades divinas, dentre elas a Eternidade, que assim se apresenta às demais:

[35] Diz a eternidade: – “Sou a bondade ótima e a grandeza máxima. E a bondade ótima e a grandeza máxima são a eternidade eternalíssima. Minha definição se faz através dessa conversão do sujeito e do predicado, porque este tipo de conversão não pode ser feito em nenhuma outra essência”.

[36] Acrescenta a eternidade: – “Em toda essência em que a bondade ótima, a grandeza máxima e a eternidade eternalíssima são convertíveis, também o são o “otimar”, o “maximar” e o “eternar”. É assim que, na essência de Deus, a bondade ótima, a grandeza máxima e a eternidade eternalíssima são convertíveis. Portanto, na essência de Deus o ‘otimar’, o ‘maximar’ e o ‘eternar’ são convertíveis. (...)” [38] “Como isso é realmente assim”, diz a eternidade, “está demonstrada a minha essência e a minha operação intrínseca, sem acidentes (...)”.46

Embora a associação feita pela Profa. Yates entre a filosofia de João Escoto Erígena (810-877, tradutor carolíngio do Pseudo-Dionísio Areopagita) e a de Ramon Llull já tenha sido devidamente contestada pelos especialistas contemporâneos47, não posso deixar de pensar que a definição “eternidade eternalíssima” no Livro da cidade do mundo faz eco à filosofia do Areopagita, um dos primeiros filósofos cristãos da Idade Média a utilizar gramaticalmente os superlativos para se referir às coisas divinas (como, por exemplo, em sua obra Dos nomes divinos).48

Seja como for, um aspecto interessantíssimo do Livro da Cidade do Mundo – e que ilustra muito bem a desilusão de Ramon com os poderes constituídos (especialmente o papa e a Igreja) – é que, no final da obra, quando a Justiça deseja que Ramon vá à cúrial papal e aos príncipes cristãos e mostre aquele livro para que eles sejam informados de tudo que acontecia e tenham temor de Deus, há uma deprimida e autobiográfica escusa sua:

Ramon se desculpou, e disse que já havia ido muitas vezes à Cúria e falado com muitos príncipes sobre a exaltação da fé [católica] por todo o mundo. Além disso, havia escrito livros nos quais mostrava o que deveria ser feito para que todo o mundo se encontrasse em um bom estado [i.e, convertido ao catolicismo], mas não havia conseguido nada de ninguém, pelo contrário, escarneceram dele, o golpearam muitas vezes, e inclusive o chamaram de fantástico.

Portanto, Ramon se desculpou e disse que iria viver entre os sarracenos para ver se poderia convertê-los à fé católica. Mesmo assim, prometeu que mandaria escrever o livro e o enviaria cópias à Cúria Romana, a alguns príncipes e a quem lhe parecesse conveniente.49

Conclusão

Ramon Llull cria uma filosofia de conversão ao catolicismo heterodoxa e original, a partir de uma herança cultural-filosófica comum das três religiões do Livro (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), embora ineficaz (não se tem notícia que tenha convertido ninguém). No início do século XX, os irmãos Carreras y Artau já haviam percebido as influências agostinianas e anselmianas de seu pensamento50, enquanto outros autores ressaltaram a herança aristotélica dos Analíticos Posteriores51, ou mesmo sua tentativa de superação da lógica aristotélico-escolástica.52

Já cheguei a sugerir possíveis analogias de aspectos da filosofia luliana com o pensamento monástico tradicional, particularmente com Bernardo de Claraval (1090-1153), autor que propositalmente não inseri na primeira parte introdutória.53

Seja como for, para expor o tema da Eternidade de Deus, Ramon Llull absorve, molda, recria e faz eco às meditações de Platão, Aristóteles, Agostinho, Anselmo, e, por que não, do Pseudo-Dionísio Areopagita, para formular uma filosofia de conversão de “infiéis” e trazer para o seio da Igreja as almas perdidas para as “seitas” (muçulmana, judia, etc.), como ele mesmo o afirmava.

Gostaria de encerrar este pequeno trabalho com uma passagem (platônica) da obra Do nascimento do menino Jesus54, texto de 1311 dedicado ao rei francês Felipe, o Belo (1268-1314), no qual, em seu capítulo XVII, a Eternidade Divina faz uma bela auto-definição, espécie de resumo poético da filosofia de Ramon Llull acerca da Eternidade, terceira dignidade do Criador:

Eu sou a duração sem fim, do eterno ao eterno, verdade do tempo com eminência e essência pura, sublime e perfeita, pois não é possível qualquer acréscimo em mim, nem fora de mim há qualquer coisa que possa ser um estorvo à minha ação, já que, absoluta na eternidade, sou absolutamente boa, absolutamente grande, onipotente, verdadeira e sem qualquer empecilho (...)

O arquétipo do mundo permanece expresso em mim desde a eternidade, o Verbo consubstancial, imanente ao pensamento fecundo, no qual, no momento que agradou à sabedoria eterna, provieram todas as coisas – e provêm a cada dia.55

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Notas

  • 1. Tese defendida por Armand LLINARÈS. Ramon Llull. Barcelona: Edicions 62, 1987.
  • 2. BONNER, A.; RIPOLL PERELLÓ, M. I. Diccionari de definicions lul.lianes. Col.lecció Blaquerna, 2, Universitat de Barcelona / Universitat de les Illes Balears, 2002, p. 149. Todos os extratos dos textos de Ramon Llull foram traduzidos por nós.
  • 3. Exposto em De caelo I, 9, 279-25.
  • 4. COSTA, Ricardo da. “A verdade é a medida eterna das coisas”: a divindade no Tratado da Obra dos Seis Dias, de Teodorico de Chartres (†c. 1155)”. In: ZIERER, Adriana (org.). Uma viagem pela Idade Média: estudos interdisciplinares. UFMA, 2010, p. 263-281.
  • 5. PLATÃO. Diálogos (Timeu – Crítias – O Segundo Alcibíades – Hípias Menor) (trad. de Carlos Alberto Nunes). Belém: EDUFPA, 2001, p. 73-74.
  • 6. ARISTÓTELES, Metafísica IX, 9, 1051a 20.
  • 7. ARISTÓTELES, Física VIII 8, 263 a 3.
  • 8. ARISTÓTELES, Física IV, 12, 221, b3.
  • 9. COSTA, Marcos Roberto Nunes. “Tempo e eternidade em Agostinho de Hipona”. In: TER REEGEN, Jan G. J., DE BONI, Luis A., COSTA, Marcos Roberto N. (orgs.). Tempo e eternidade na Idade Média. Porto Alegre: EST Edições, 2007, p. 21-29.
  • 10. SANTO AGOSTINHO. Confissões (trad. de J. Oliveira Santos, S. J., e A. Ambrósio de Pina, S. J.). Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, 1990, Livro XI, 23 e 20.
  • 11. SANTO AGOSTINHO. Confissões, op. cit., Livro XI, 11.
  • 12. BOÉCIO. A Consolação da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998, V.11, p. 150-1552.
  • 13. BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 129.
  • 14. BOÉCIO. Escritos (Opuscula Sacra) (trad., estudos introdutórios e notas de Juvenal Savian Filho). São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 206. O texto também está disponível na Internet, mas na tradução (e introdução) de Jean LAUAND. “Boécio e o De Trinitate”. In: Convenit Internacional 5.
  • 15. SWINBURNE, R. G. “Eternidade”. In: HONDERICH, Ted (ed.). Enciclopedia OXFORD de Filosofía. Madrid: Editorial Tecnos, 2008, p. 383.
  • 16. SWINBURNE, R. G. “Eternidade”, op. cit.
  • 17. 1Cr 16, 36; 29, 10; Sl 25, 6; 41, 13; 90, 2 (“Desde sempre e para sempre tu és Deus”); 93, 2; 103, 17 (“Mas o amor de Iahweh!... existe desde sempre e para sempre existirá por aqueles que o temem”); 106, 48 (“Bendito seja Iahweh, Deus de Israel, desde sempre e para sempre!”).
  • 18. Sl 90, 4. 
  • 19. Pr 8, 22-23.
  • 20. “Mas a Sabedoria foi justificada pelas suas obras”, Mt 11, 19; “Eis por que a Sabedoria de Deus disse”, Lc 11, 49; “Mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”, 1Cor 1, 24.
  • 21. Is 57, 15.
  • 22. MARENBON, John, e LUSCOMBE, D. E. “Duas idéias medievais: Eternidade e hierarquia”. In: McGRADE, A. S. (org.). Filosofia Medieval. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2008, p. 71-95.
  • 23. Anselmo se refere a Deus como natureza, essência, e substância, pois, em seu tempo, a terminologia filosófica ainda não estava tão bem precisa como mais tarde, durante a Escolástica.
  • 24. SANTO ANSELMO DE CANTUÁRIA. Monológio (trad. e notas de Angelo Ricci). São Paulo: Abril S. A., 1973, cap. XXII, p. 47.
  • 25. SANTO ANSELMO DE CANTUÁRIA. Proslógio (trad. e notas de Angelo Ricci). São Paulo: Abril S. A., 1973, cap. XIX, p. 122. Ver também MARTINES, Paulo Ricardo. “A eternidade divina no Proslogion de S. Anselmo”. In: TER REEGEN, Jan G. J., DE BONI, Luis A., COSTA, Marcos Roberto N. (orgs.). Tempo e eternidade na Idade Média. Porto Alegre: EST Edições, 2007, p. 46-51.
  • 26. YATES, Frances. A arte da memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 222.
  • 27. Ao longo de sua vida, Ramon reescreveu várias vezes a sua Arte. Valeremo-nos da Arte breve, pois o próprio autor afirma que se trata de uma simplificação de sua Arte Magna, “para que ela seja mais facilmente conhecida”, como a citação a seguir. A numeração em parênteses se refere à ordem cronológica das obras lulianas proposta por Fernando Domínguez Reboiras em Corpvs Christianorvm, Continuatio Mediaevalis 214 (2008).
  • 28. Trad.: Ricardo da Costa e Felipe Dias de Souza, baseada na edição RAMON LLULL, Arte breve (introd. y trad. de Josep E. Rubio), Pamplona, EUNSA, 2004, que, por sua vez, baseou-se na edição de Alexander Fidora, Raimundus Lullus: Ars brevis (lateinisch-deutsch), (Übers., eingel. und hrsg. von Alexander Fidora) Hamburg: Felix Meiner (Philosophische Bibliothek 518), 1999.
  • 29. “Originalmente, essa palavra significava dignidade ou valor (...) Aristóteles fez a primeira análise dessa noção, entendendo por axioma ‘as proposições primeiras de que parte a demonstração (...) princípios que devem ser necessariamente possuídos por quem queira aprender qualquer coisa.”, COSTA, Ricardo da. “A ética da polaridade de Ramon Llull (1232-1316): o conhecimento necessário dos vícios e virtudes para o bom cumprimento do corpo social”. In: COSTA, Marcos Roberto N. e DE BONI, Luis A. (orgs.). A Ética Medieval face aos desafios da contemporaneidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 487-502.
  • 30. “...De fato, se é preciso dar crédito à Sagrada Escritura sapientíssima e perfeitamente verdadeira, as coisas divinas revelam-se e mostram-se segundo a medida da inteligência de cada um” (os grifos são nossos), DIONÍSIO PSEUDO-AREOPAGITA. Dos nomes divinos (introd., trad. e notas de Bento Silva Santos). São Paulo: Attar Editorial, 2004, p. 58-59.
  • 31. EIJO GARAY, Leopoldo. “Las dignidades lulianas”. In: Estudios Lulianos, vol. XVIII, fascs. 1-3, 1974, p. 25.
  • 32. BONNER, Antoni. “El pensament de Ramon Llull”. In: Obres Selectes de Ramon Llull (1232-1316) (ed. introd. i notes de Antoni Bonner). Mallorca: Editorial Moll, 1989, vol. I, p. 62.
  • 33. PRING-MILL, Robert D. F. Estudis sobre Ramon Llull. Barcelona: Publicacions de l’Abadia de Montserrat, 1991, p. 42-43.
  • 34. RUBIO, Josep E. Les Bases del Pensament de Ramon Llull. Els orígens de l’Art lul.liana. València/Barcelona: Institut Universitari de Filologia Valenciana / Publicacions de l’Abadia de Montserrat, 1997, p. 74.
  • 35. RAMON LLULL. “Arbre de Ciencia”. In: Obres Essencials. Barcelona: Editorial Selecta, 1957, vol. I, p. 851.
  • 36. RAIMUNDO LÚLIO. Félix, ou o Livro das Maravilhas. Parte I (trad., apres. e notas de Ricardo da Costa). São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 55-57.
  • 37. “Quando uma Alma chega a conhecer a si mesma, vê que seu movimento não se dá em linha reta (...), mas que o movimento conforme a sua natureza é como um círculo ao redor de algo – não de algo exterior, mas de um centro, a partir do qual provém o círculo”, PLOTINO, Tratados das Enéadas, São Paulo, Polar, 2000 (“Sobre o Bem ou o Uno”, 8), p. 136.
  • 38. GAYÀ ESTELRICH, Jordi. La teoría luliana de los correlativos: Historia de su formación conceptual. Palma, 1979.
  • 39. RAMON LLULL. “Arbre de Ciencia”. In: Obres Essencials. Barcelona: Editorial Selecta, 1957, vol. I, p. 674.
  • 40. COSTA, Ricardo da. “A experiência religiosa e mística de Ramon Llull: a infinidade e a eternidade divinas no Livro da contemplação (c. 1274)”. In: Scintilla - Revista de Filosofia e Mística Medieval. Curitiba: Faculdade de Filosofia de São Boaventura (FFSB), vol. 3, n. 1, janeiro/junho 2006, p. 107-133.
  • 41. TORRAS I BAGES. La tradició catalana. Barcelona, 1935, p. 314.
  • 42. RAMON LLULL. “Arbre de Ciencia”, op. cit., p. 788. Ver REINHARDT, Klaus. “Entre el tiempo y la eternidad: la idea de la eviternidad en el pensamiento de Raimundo Lulio”. In: Revista Española de Filosofía Medieval, n. 5 (1988), p. 21-32.
  • 43. RAMON LLULL. “Llibre què deu hom creure de déu”. In: Nova Edició de les Obres de Ramon Llull. Volum III. Palma de Maiorca: Patronat Ramon Llull, 1996, p. 90.
  • 44. RAMON LLULL. “Llibre què deu hom creure de déu”. In: Nova Edició de les Obres de Ramon Llull. Volum III. Palma de Maiorca: Patronat Ramon Llull, 1996, p. 90.
  • 45. PRING-MILL, Robert D. F.  “Els Recontaments de L’Arbre Exemplifical de Ramon Llull: La Transmutació de la Ciència en Literatura”, op. cit., p. 307-318.
  • 46. RAMON LLULL. El Fantàstic. La ciutat del món (introd., trad, i notes a cura de Lola Badia). Santa Coloma de Queralt, Obrador Edèndum, 2008, p. 225.
  • 47. Relação feita especialmente em “Raimundo Lulio y Juan Escoto Erígena”. In: YATES, Frances A. Ensayos reunidos I. Lulio y Bruno. México: Fondo de Cultura Económica, 1996, p. 142-229.
  • 48. “...o uno, o incognoscível, o supersubstancial, o bem em si – em suma, o que quer que seja a unidade trina, que é em igual medida Deus e bem, não se pode dizer nem pensar.” (os grifo é nosso), DIONÍSIO PSEUDO-AREOPAGITA. Dos nomes divinos (introd., trad. e notas de Bento Silva Santos). São Paulo: Attar Editorial, 2004, p. 64.
  • 49. RAMON LLULL. El Fantàstic. La ciutat del món (introd., trad, i notes a cura de Lola Badia). Santa Coloma de Queralt, Obrador Edèndum, 2008, p. 277-279.
  • 50. “Hemos dicho lo bastante acerca de la influencia agostiniana-anselmiana”, CARRERAS Y ARTAU, Tomás y Joaquín. Historia de la Filosofia Española. Filosofia cristiana de los siglos XIII al XV. Madrid: Real Academia De Ciencias Exactas, Físicas y Naturales, 1939, vol. I, p. 513.
  • 51. FIDORA, Alexander. “El Ars brevis de Ramon Llull: Hombre de ciencia y ciencia del hombre”. In: FIDORA, A., HIGUERA, J. G (eds.). Ramon Llull, caballero de la fe. El arte luliana y su proyección en la Edad Media. Cuadernos de anuário filosófico - serie de pensamiento español. Universidad de Navarra: Pamplona, 2001, p. 61-80.
  • 52. RUIZ SIMON, Josep M. L’Art de Ramon Llull I la teoria escolàstica de la Ciencia. Barcelona: Quaderns Crema, 1999.
  • 53. Como, por exemplo, em COSTA, Ricardo da. “Duas imprecações medievais contra os advogados: as diatribes de São Bernardo de Claraval e Ramon Llull nas obras Da Consideração (c. 1149-1152) e O Livro das Maravilhas (1288-1289)”. In: Biblos, Rio Grande, 21, 2007: p. 77-90 e PONTES, Roberto, e MARTINS, Elizabeth Dias (orgs.). Anais do VII EIEM - Encontro Internacional de Estudos Medievais - Idade Média: permanência, atualização, residualidade. Fortaleza/Rio de Janeiro: UFC / ABREM, 2009, p. 624-630.
  • 54. Publicado no Brasil: RAIMUNDO LÚLIO. Escritos Antiaverroístas (1309-1311). Porto Alegre: Edipucrs, 2001. Contudo, a tradução do extrato aqui apresentado é nossa, baseada no texto publicado em Obres Essencials, op. cit., vol. II, p. 1284.
  • 55. Este texto é uma ampliação de Conferência proferida no dia 13 de maio de 2010 na VI Semana de FilosofiaTempo e Eternidade na Idade Média, evento organizado pelo Instituto Sapientia de Filosofia (Seminário Bom Pastor, Francisco Beltrão, PR) entre os dias 10 e 14 de maio de 2010. Agradeço a leitura crítica do colega filósofo e amigo Alexander Fidora (ICREA).

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