Os novos desafios do Fim da História

Resumo: O artigo analisa a crise das Ciências Humanas com o declínio da consciência histórica na pós-modernidade e a influência do relativismo neste processo. Para isso, oferece uma narrativa imagética com quadros (Turner, Corot, Goya, Friedrich Caspar David e Salomão Delane) e propõe o resgate da bela escrita, da verdade e da erudição como fundamentos da investigação humanística.

Abstract: The article analyses the crisis of the human sciences with the decline of historical consciousness in post-modernity and the influence of relativism in this process. To do so, it offers an imagetic narrative with pictures (Turner, Corot, Goya, Friedrich Caspar David and Solomon Delane) and proposes the rescue of beauty writing, of truth and erudition as foundations by humanistic investigation.

Palavras-chave: Crise – Ciências Humanas – Relativismo – Arte.

Keywords: Crisis – Human Sciences – Relativism – Art.

 

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Prólogo – EgoHistória

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Vapor numa tempestade de neve (c. 1842), de Turner (1775-1851). Óleo sobre tela, 91 x 122 cm, Tate Gallery, Londres.

Observem o quadro. Onde está o barco a vapor? A sensação que o movimento do traço do pintor proporciona é estonteante, assustadora: a tempestade, o mar enraivecido, indômito, inclina o obscurecido navio, distorce o mundo, traz o caos, dissolve, ilude, turva, nauseabunda, expele o vômito. A embarcação desaparece no turbilhão. Nessa que é, talvez, uma das pinturas mais audaciosas do artista romântico William Turner (1775-1851)1, está a representação iconográfica ideal da decadência de nossa consciência histórica: vivemos na malfadada era anti-histórica do relativismo pós-moderno absoluto.2

Não poderia iniciar essa digressão sobre a infindável crise histórica aqui sem uma imagem. Aprendi, com os maravilhosos historiadores da Terceira Geração da Escola dos Annales (1929-), que a História – pelo menos a com “H” maiúsculo3 – não se faz sem se relacionar texto e imagem. Sem sensibilidade. Sobretudo sem fruição estética. Pois História é Arte, é imaginação, ensinou-me Barbara Tuchmann (1912-1989)4 – embora não sem o rigor da criteriosa investigação das fontes. Georges Duby (1919-1996) já destacou muito bem essa importância fundamental de nosso métier5 – e o historiador espanhol José Enrique Ruiz-Domènec (1948-) reiterou: o ofício do historiador é artesanal, e o rigor no tratamento das fontes a única garantia de reviver o passado com razoável probabilidade de veracidade.6 Mais: imagens são pensamento, ainda que não como as sutilezas das expressões verbais.7

De fato, quando regressei ao ambiente universitário, no final da década de 80 do século passado, o mundo acadêmico brasileiro experimentava um sôfrego deleite com os novos e estimulantes ares oriundos da publicação da trilogia História: novos problemas, novas abordagens, novos objetos8, e, logo a seguir, da História da Vida Privada, coleção dirigida por Philippe Ariès (1914-1984) e Georges Duby (1919-1996), obra em cinco volumes que, explicitamente, trabalhava com centenas de imagens, todas sempre diretamente associadas aos respectivos textos dos diferentes historiadores que contribuíram para a construção do tema da privacidade (e de sua ausência) em cada período histórico daquela obra.9 Isso para a perplexidade da tradição (em voga) anterior, o Marxismo, ou melhor, o materialismo dialético, que, agonizante, com raríssimas exceções, relegava o estudo da Arte na História a uma concepção historiográfica “burguesa”, de antiquário.10

Preconceito. Visão estreitíssima. As consequências dessa forma algo rude de conceber o estudo e a compreensão do passado ainda são sentidas nos cursos de História em nosso país. Com raras exceções, mal se veem monografias sobre Arte em nossas graduações, muito menos associações entre texto e imagem. História do bidê, como já propagaram certa vez nos corredores da UFES quando pesquisava eu o amor cortês.11 E estamos em 2014...

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Cenas de amor cortês (séc. XIV). Reverso de um espelho. Marfim, Paris, Louvre MRR197. Os espelhos dos séculos XIII-XIV retratam, em seus reversos de marfim, cenas incrivelmente delicadas e que representam a nova e originalíssima maneira de se relacionar dos extratos superiores da sociedade europeia.

A solidão histórica que sentia em 1990, vinte e quatro anos depois, em 2014, é quase a mesma – e diretamente proporcional à felicidade que minhas divagações históricas me trazem, na solidão de minha casa, cercado de livros e conectado à Internet. Sim, a Internet atenua o sofrimento da minha consciência histórica.12 Isso porque a História é como a vida: paradoxal, contraditória, cheia de ângulos, de matizes e de perspectivas, ou seja, muito mais rica em sua diversidade do que nossas graduações costumam ensinar.13 Por isso, o historiador deve tentar trilhar, em sua imaginação, esses múltiplos caminhos da existência humana no tempo, pois, ademais, Clio tem diferentes ritmos, diferentes tempos no mesmo tempo, como já nos ensinou Fernand Braudel (1902-1985).14 De qualquer modo, “renegar” publicamente Marx (1818-1883), como fiz há alguns anos, infelizmente ainda fecha portas acadêmicas no Brasil, mas, em compensação, abre as do mundo...15

Bem, após esse pequeno introito confessional – Pierre Nora (1931-) chamaria de Egohistória16 – trago a vocês, pretensiosamente, algumas poucas questões, ou melhor, algumas propostas para atenuar (ou ajudar a minimizar) a atual crise histórica. Minhas reflexões foram, quase todas, inspiradas pela leitura de quatro maravilhosos livros de José Enrique Ruiz-Domènec: 1) El reto del historiador (2006), 2) España, una nueva historia (2009), 3) Personajes intempestivos de la historia (2011) e 4) Entre historias de la Edad Media – veintiún ensayos (2011).17 É possível resolver o nosso impasse? Será a História sempre a história do tempo presente? A ilusão de pelo menos elucidar o confuso emaranhado de indecisões teórico-metodológicas instiga meus questionamentos, meu desejo de dialogar, de escrever.

I. A História acabou? Retornemos à escrita

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A solidão. Lembrança de Vigen, Limusino (1866), de Corot (1796-1875). Óleo sobre tela, 95 x 130 cm, Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid.

Uma solitária mulher contempla a serena paisagem de Vigen, no Limusino (França). Diante de seus olhos, a natureza se descortina em toda a sua imensidão, infinitude, profundidade. O que ela sente? Melancolia? O que pensa? O que deseja? Como percebe sua pequenez, sua brevidade, sua miséria? Sem poder compartilhar seus sentimentos, ela sequer escreve. Em silêncio, só, ela vive o mundo interior da contemplação.

Quando Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875) pintou esse quadro, na segunda metade do século XIX, certamente não poderia imaginar que ele seria utilizado como metáfora do fim da consciência histórica no início do XXI. Pois a sensação de solitude da jovem camponesa, creio, é a mesma do historiador Gregório de Tours (c. 539-594), que escreveu a sua História dos francos não para os contemporâneos iletrados de sua “época maldita”, mas para os pósteros18; é também a mesma dos solitários historiadores que, como eu, anseiam compreender o passado no passado, a mesma dos filósofos que investigam a filosofia no tempo, não a do tempo.19

Não, a História não acabou, como pensava Francis Fukuyama (1952-)20, embora, de fato, a ideologia comunista tenha sofrido um golpe incontestável com o fim da União Soviética (1991) e do socialismo real na Europa após a queda do Muro de Berlim (1989).21 Enquanto existir a Humanidade, sempre haverá a percepção da passagem do tempo, consequentemente, a História. A camponesa limosina, mesmo que fosse o único ser humano do planeta, continuaria a presenciar o desenrolar do tempo. Qual então o nosso dever na qualidade de historiadores brasileiros?

Em primeiro lugar, recuperar a escrita. Não tenho receio de afirmar que, atualmente, uma parte considerável de nossos egressos é composta de analfabetos funcionais.22 Os exemplos que acumulo em mais de vinte anos de docência são fartos. Assustadores. Formar historiadores que não sabem escrever, que não compreendem inteiramente o que leem, que não dominam minimamente seu ofício, é como assassinar a História em seu nascedouro. É necessário, é imperativo voltar a termos um rigor na avaliação da forma, pois ela determina, efetivamente, a apreensão do conteúdo. E o domínio da linguagem é o instrumento par excellence do historiador. Antes de tudo, ele deve saber escrever, e bem.23

II. A História acabou? Retornemos à verdade

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A Verdade, o Tempo e a História (ou, equivocadamente, também conhecido como Alegoría de la adopción de la Constitución de 1812, c. 1800), de Francisco de Goya (1746-1828). Óleo sobre tela, 294 x 244 cm, Museu Nacional de Estocolmo, Suécia.

Nossa tradição, pelo menos até a crise forjada, idealizada e vivida na segunda metade da década de 60 do século passado, da Europa do É proibido proibir24 ao ambiente acadêmico dos EUA25, sempre associou a História à verdade. Ainda que soubéssemos o quanto é difícil alcançá-la, em meio às dissimulações, filtros, mentiras e distorções da vida no tempo, ainda que saibamos que o real não é a verdade26, pois todos de algum modo constroem a própria identidade e vivem personagens segundo as circunstâncias27, nós tínhamos a pretensão de reconstrui-la, pelo menos em parte, de juntar seus pedaços esparsos, por vezes intencionalmente dispersos, e assim montar e compreender o quebra-cabeças do tempo perdido.

Por isso, a História surge, nas enérgicas pinceladas do quadro de Goya A Verdade, o Tempo e a História (imagem 4) nua, e não a Verdade, que está com os seios insinuantes, adornada em um radiante vestido branco, com seu braço direito a portar um livro e o esquerdo, seguro pelo Tempo, alado, um cetro. Mais que nua, desnudada, a História redige sua narrativa rodeada pelo Tempo e pela Verdade. Ela é o esfuziante contraposto do sombrio fundo do presente que se esvai.

Por isso é necessário recuperar a pretensão de que somos capazes de construir uma narrativa sólida, documentalmente bem fundamentada, razoavelmente isenta, do passado. Não se pode mais apostar nas delirantes divagações pós-modernas de que “tudo é discurso”, ou que “não existe imparcialidade”. Nesse nível raso de especulação ideológica, a História não tem, e não terá, espaço nas Ciências Humanas.28 Será sempre alvo de políticos travestidos de historiadores e a serviço de uma causa, de um partido político. A História descreve o que é verdadeiro (ou provável): é uma narrativa de acontecimentos verdadeiros. Essa é sua verdadeira dignidade.29

III. A História acabou? Retornemos às fontes, à erudição

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Arco íris em uma paisagem de montanhas (1810), de Caspar David Friedrich (1774-1840). Óleo sobre tela, 70 x 102 cm, Museu Folkwang, Essen, Alemanha.

O historiador norte-americano John Lewis Gaddis (1941-) já utilizou um quadro do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich (1774-1840) para simbolizar o significado da consciência histórica.30 Por costumeiramente representar vastas imensidões em contraste com solitários homens, a arte de David Friedrich é um ótima metáfora para isso (para as analogias paisagem/História e homem/historiador).31 Gostaria de me valer de um de seus sublimes cenários para recordar uma exigência de nosso ofício: o rigor no tratamento das fontes.

Os vestígios do passado: em primeiro lugar textos, mas também imagens, objetos. Uma bela reconstrução do passado só é possível com o estudo e a análise das fontes que esse passado nos deixou, que o tempo permitiu que chegassem até nós. A observação dessa imensa paisagem que é uma sociedade no tempo registrada naqueles vestígios exige paciência, calma, serenidade, tempo e sobretudo espírito contemplativo, como o caminhante em Arco íris em uma paisagem de montanhas (imagem 5), quadro de Caspar David Friedrich.32 Ele descansa por um momento e recosta em uma rocha para apreciar o espetáculo da natureza. O espetáculo da História necessita de paz. Tranquilidade. Confrontar os dados, medir os anseios, imaginar as situações dos homens na poeira dos arquivos e no silêncio dos museus33 é também meditar as possibilidades, os pensamentos, os confrontos, as fugas. Para isso, também é necessário distanciamento temporal.34 E, ainda, o esquecimento do presente. O historiador deve tentar se libertar das atitudes mentais que o dominam.

Conclusão: a poética das ruínas ou o fim da História

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A Abadia no bosque de carvalho (1808-10), de Caspar David Friedrich (1774-1840). Óleo sobre tela, 110,4 x 171 cm. Alte Nationalgalerie, Berlim.

A imagem mais sublime que encontrei para criar uma metáfora artística para o triste tema da crise da História foi a do quadro A Abadia no bosque de carvalho, do mesmo pintor alemão. A cena representa bem a poética das ruínas do Romantismo alemão (sécs. XVIII-XIX). A História, como a abadia em ruínas do ressecado bosque imaginado pelo artista, ainda está lá, ainda que em uma estação pouco propícia ao seu renovado desabrochar. Os tempos são sombrios, os historiadores, mais ideólogos que investigadores apaixonados do passado. Há poucos amantes. Mas o tempo é fugaz. Outro modismo virá35, outra geração nos sucederá, outras formas de pensar mostrar-se-ão. Em seu ciclo eterno, a natureza é pródiga, assim como a História.

Mas é importante, no renascimento que certamente se seguirá, não perder de vista a sensibilidade histórica que, em parte, se traduz como uma vivência do passado em uma compreensão próxima a da apreciação musical. Essa vivência do histórico é como uma ressurreição que ocorre na esfera dos sonhos, uma visão de figuras não inteiramente apreensíveis, apenas através da audição de suas palavras e da contemplação de suas imagens.36 Nesse sentido, quando Ruiz-Domènec afirma que a chave da história da Espanha encontra-se nos Jardins de Aranjuez (séc. XVIII) e na audição do Concerto para Aranjuez (para violão)37 de Joaquín Rodrigo (1901-1999)38, ou quando trata da ameaça à cultura europeia por parte do acossamento ao pensamento original e à liberdade de expressão em uma pequena biografia sobre Mozart39, ou ainda, quando afirma, categoricamente, que a música europeia do século VI expressou a necessária harmonia para enfrentar as exigentes necessidades da nova civilização que nascia, e que, na ocasião, ela foi o elemento formativo da memória da Europa40, está a propor uma linha interpretativa que leve em conta todos os âmbitos da vida. Como Huizinga, Fernand Braudel. Como Georges Duby. Quando teremos essa perspectiva generosa, ampla, abarcadora, totalizante? Espero que a próxima geração seja mais generosa que a minha.

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Vista do Lago Nemi, Itália (c. 1770), de Solomon Delane (c. 1727-1812). Óleo sobre tela, 78 x 102 cm, coleção privada. Que as considerações aqui tratadas não soem demasiado melancólicas: o porvir é sempre amplo, naturalmente. O que virá após o invernal tempo da descrença na História que presenciamos? Quem sabe? Que o anseio seja como o da exuberante camponesa que se dirige para a vastidão que se descortina à sua frente, do lago Nemi, e que o deserto intelectual hodierno seja como o homem de capa azul, agachado, a pegar seu cajado, e fique para trás.

Ao mestre Guilherme Pereira das Neves

 

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Notas

  • 1. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2011, p. 493.
  • 2. Para as bases do pós-modernismo, ver LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Lisboa: Gradiva, 1989.
  • 3. COSTA, Ricardo da. “O ofício do Historiador”. In: International Studies on Law and Education - 5 (janeiro-junho 2010), p. 79-84.
  • 4. TUCHMAN, Barbara W. A prática da História. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.
  • 5. DUBY, Georges. A História continua. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993.
  • 6. RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. El reto del historiador. Barcelona: Ediciones Península, 2006.
  • 7. “...a pintura nunca foi um simples jogo, puro divertimento, elemento decorativo arbitrário. A imagem é pensamento, tanto quanto aquele que se exprime por palavras; ela é, sempre, reflexão sobre o mundo e os homens. Quer saiba disso ou não, um grande artista é um pensador de primordial importância. Mas de que pensamento se trata? (...) aquelas sensações que dispensam palavras e que entram em contato com nossas pulsões primárias: a de permanecer vivo, de absorver e transformar o alimento, de respirar, de temer pela própria sobrevivência.” – TODOROV, Tzvetan. Goya à sombra das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 13.
  • 8. LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (dir). História: Novos Problemas; História: novas abordagens; História: novos objetos. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S. A., 1974.
  • 9. ARIÈS, Philippe e DUBY, Georges (dir.). História da vida privada I. Do Império Romano ao ano mil; Da Europa feudal à Renascença; Da Renascença ao Século das Luzes; Da Revolução Francesa à Primeira Guerra; Da Primeira Guerra a nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, 1991, 1992.
  • 10. “Oficialmente”, até a década de 70, os historiadores marxistas, com raríssimas exceções, simplesmente não abordavam imagens em seus trabalhos; após a “descoberta” pelos Annales, passaram a fazê-lo! No entanto, extraoficialmente, o “discurso” no ensino da História continua renegando essa relação.
  • 11. E que resultou no trabalho COUTINHO, Priscilla Lauret e COSTA, Ricardo da. “Entre a Pintura e a Poesia: o nascimento do Amor e a elevação da Condição Feminina na Idade Média”. In: GUGLIELMI, Nilda (dir.). Apuntes sobre familia, matrimonio y sexualidad en la Edad Media. Colección Fuentes y Estudios Medievales 12. Mar del Plata: GIEM (Grupo de Investigaciones y Estudios Medievales), Universidad Nacional de Mar del Plata (UNMdP), diciembre de 2003, p. 4-28.
  • 12. blitzkrieg acadêmico-materialista brasileira é diariamente solapada pela liberdade universal da procura online. Pois, no momento em que escrevo essas linhas, além de sofrer um pouco com o gosto musical de meu filho – ouço involuntariamente a voz atarantada (e drogada) de Liam Gallagher (cantor do grupo britânico Oasis [1991-2010]) na música Wonderwall (“Today is gonna be the day that they're gonna throw it back to you...”), tenho a informação, graças ao Google Analytics (programa gratuitamente oferecido por essa empresa multinacional), que meu site www.ricardocosta.com teve, do dia 04/09 ao dia 04/10/2014, 27.766 visualizações de páginas.
  • 13. “Se a ideologia simplifica as coisas até torná-las irreconhecíveis, a universidade tem o dever de mostrá-las em sua rica e contraditória diversidade (o grifo é nosso).” – RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. El reto del historiador, op. cit., p. 21.
  • 14. BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II. Lisboa: Publicações Europa-América, 1995, vol. I. “Um alerta já antigo, historiador: há cinquenta anos Fernand Braudel nos ensinou que as imensas e lentíssimas vagas das marés profundas dos oceanos, os movimentos quase imóveis dos processos históricos, são mais importantes para a nossa análise do que as enganadoras e apaixonantes espumas das ondas dos fatos, da política, do dia-a-dia.” – COSTA, Ricardo da. “Cluny, Jerusalém celeste encarnada (séculos X-XII)”. In: Revista Mediaevalia. Textos e Estudos 21 (2002), p. 115-137.
  • 15. Crítica feita publicamente pela primeira vez em COSTA, Ricardo. “O conhecimento histórico e a compreensão do passado: o historiador e a arqueologia das palavras”. In: ZIERER, Adriana (coord.). Revista Outros Tempos. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), volume 1, 2004, p. 53-65.
  • 16. LE GOFF, Jacques, DUBY, Georges, CHAUNU, Pierre, NORA, Pierre. Ensaios de Ego-História. Lisboa: Edições 70, 1989.
  • 17. Publicados, respectivamente, por Ediciones Península (Barcelona), Editorial Gredos (Madrid) (2 e 3) e Universidad de Granada.
  • 18. GRÉGOIRE DE TOURS. Histoire des Francs. Paris: Les Belles Lettres, 1999, p. 31.
  • 19. DE LIBERA, Alain. Pensar na Idade Média. São Paulo: Editora 34, 2001.
  • 20. FUKUYAMA, Francis. O fim da história e o último homem. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1992.
  • 21. Em que pese a imediata contra-ofensiva (fracassada) ao debate do livro de Fukuyama feita pelo pensador marxista Perry Anderson (1938- ) em O Fim da História: de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.
  • 22. Pesquisa realizada pela Universidade Católica de Brasília concluiu que mais de 50% dos universitários avaliados são analfabetos funcionais. Ver Folha Política.org - Jornalismo Independente.
  • 23. RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. El reto del historiador, op. cit., p. 51-64.
  • 24. Período vivido na linha de frente dos acontecimentos por Raymond Aron (1905-1983). Para isso, ver ARON, Raymond. Memórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986 (especialmente o capítulo XVIII, “Ele não nos entendeu” ou Maio de 1968, p. 513-544. Ver também JOHNSON, Paul. Tempos modernos. O mundo dos anos 20 aos 80. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990, especialmente o cap. 17 (O Lázaro Europeu, em que o autor discorre sobre as contradições dos intelectuais franceses do Pós-guerra).
  • 25. KIMBALL, Roger. Radicais na universidade. Como a política corrompeu o ensino superior nos Estados Unidos da América. São Paulo: Editora Peixoto Neto, 2010.
  • 26. “Logo verifiquei que esta verdade é inacessível e que o historiador só tem a oportunidade de aproximar-se dela em nível intermediário, ao nível da testemunha, questionando-se não sobre os fatos que relata, mas sobre a maneira como os relatou.” – DUBY, Georges. A História continua, op. cit., 99.
  • 27. TODOROV, Tzvetan. Goya à sombra das Luzes, op. cit., p. 61.
  • 28. Ainda que nunca tenha defendido que a História é (ou pode ser) uma ciência, preferia a posição do historiador (marxista) Ciro Cardoso (1942-2013) de que a História é uma ciência em construção. Ver CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução à História. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.
  • 29. VEYNE, Paul. Como se escreve a História. Lisboa: Edições 70, 1987, p. 21 e 190.
  • 30. O quadro é O Viajante sobre o Mar de Névoa (c. 1818), 94.8 x 74.8 cm, Kunsthalle Hamburg. A obra, GADDIS, John Lewis. Paisagens da História. Como os historiadores mapeiam o passado. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
  • 31. O artista alemão baseava-se em uma profunda contemplação para conceber mentalmente as imagens expressas em suas telas. Um de seus quadros (Penhascos de calcário em Rügen, 1818) é descrito por um especialista como “um vislumbre do eterno devir” (BELL, Julian. Uma Nova História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 307).
  • 32. Também Simon Schama tem divagações muito ricas a respeito dese pintor alemão. Ver SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
  • 33. DUBY, Georges. Sociedades Medievais. Lisboa: Terramar, 1999, p. 06.
  • 34. “Parece-me, com efeito, que a época medieval pode prestar-se vantajosamente a esse exame (...) porque essa época está afastada de nós o suficiente para que o historiador, em relação aos modos de pensar e aos comportamentos que eles regem, possa tomar o distanciamento que se impõe (os grifos são nossos)”  – DUBY, Georges. Sociedades Medievais, op. cit., p. 54.
  • 35. Por exemplo, quando ingressei na universidade, em 1981, estávamos sob a onda marxista-estruturalista, a la Claude Lévi-Strauss (1908-2009) e sua obra Antropologia Estrutural (Editora Tempo Brasileiro, 1973). No caso brasileiro, um bom exemplo é a obra Pequena História da Formação Social Brasileira (Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981), de Manoel Maurício de Albuquerque (1927-1981). Nela, o autor analisa a estrutura econômica, a jurídico-política, a ideológica...
  • 36. HUIZINGA, Johan. El concepto de la historia y otros ensaios. México: Fondo de Cultura Económica, 2005, p. 55-56.
  • 37. Ouçam a belíssima execução de Pepe Romero (1944- ) acompanhado pela Camerata Serbica e sob a regência de Marcello Rota.
  • 38. RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. España, una nueva historia. Madrid: Gredos, 2009, p. 826.
  • 39. RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. Personajes intempestivos de la historia. Madrid: Gredos, 2011, p. 278.
  • 40. RUIZ-DOMÉNEC, José Enrique. Europa. Las claves de su historia. Barcelona: RBA, 2012, p. 49-50.

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Palavras-chave: história, Metodologia, Teoria.